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Travestis de Assis exigem serem chamadas pelo nome social como garante a Lei

Duas travestis que moram em Assis contam o preconceito que sofrem ao procurar um emprego

Redação AssisCity

  • 03/02/16
  • 08:00
  • Atualizado há 425 semanas

Toda vez que Gabrielly Spanic, de 27 anos, vai ao banco, ela precisa explicar a sua vida inteira para a atendente do caixa. Isso se repete quando ela vai a qualquer estabelecimento que peça seu RG para liberar a sua entrada ou quando ela vai ao médico.

Gabrielly é uma travesti. E seus documentos ainda a mostram com uma foto desatualizada, seu nome e sexo que foram designados a ela quando ela nasceu. A história de Gabrielly é muito parecida com a da amiga Natasha, de 30 anos, e de centenas de transgêneros cujos nomes sociais não constam em seus documentos.

Em um bate-papo elas revelam as dificuldades enfrentadas no dia-dia em Assis ou em qualquer lugar do Brasil, assim como serem tradadas pelo nome social. Apesar de ser assegurado por lei o direito de serem chamadas pelo nome social, muitas pessoas ignoram o Projeto de Lei 2976 do ano de 2008 que dá o direito às pessoas transexuais e travestis de serem chamadas pelo nome social. "Acrescenta o art. 58-A ao texto da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que dispõe sobre os registros públicos e dá outras providências, criando a possibilidade das pessoas que possuem orientação de gênero travesti, masculino ou feminino, utilizarem ao lado do nome e prenome oficial, um nome social", diz a Lei.

O preconceito aumenta ainda mais quando o assunto é emprego. Natasha já morou na Europa e fala duas linguas, mesmo assim, não consegue uma oportunidade. "Aqui em Assis, eu já levei currículo em vários lugares, mas nunca fui chamada para uma entrevista, inclusive, já entreguei currículo em uma escola de idiomas, do qual eu domino pois morei muitos anos na Itália, e mesmo assim não fui chamada nem para um teste", revela.

"A nossa luta é para sermos tratadas pelas pessoas como iguais. É nosso direito sermos chamadas pelo nome social e as pessoas precisam entender que isso não é mais uma opção, é um direito e elas vão ter que nos respeitar", esclarece Gabrielly que saiu de casa ainda na adolescência, morou na Europa, e hoje tem um pensionato destinado, exclusivamente, ás travestis que veem de vários lugares do mundo. Casada e muito feliz, ela incentiva as outras travestis a buscarem seus direitos e não aceitarem a transfobia.

Mas, ainda por falta de oportunidade de emprego, as travestis se aventuram na noite em busca de uma renda e fazem programas. "Recebemos constantes agressões verbais, muitas travestis aqui na cidade foram roubadas e agredidas por grupos de pessoas que não aceitam a individualidade de cada um", diz. Durante a reportagem, Natasha preferiu se poupar e não fazer um registro fotográfico em decorrência do preconceito. Ela também vai se casar em breve, no entanto, ainda busca um emprego digno.

Gabrielly Spanic luta pela inclusão das travestis e é contra o preconceito

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