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Preso em pedágio nega denúncias durante depoimento, diz polícia

Grupo foi cercado em rodovia após ataque a banco em Cabrália Paulista. Durante negociação para se render, suspeito disse que pagaria policiais

G1

  • 05/02/16
  • 18:00
  • Atualizado há 428 semanas

O assaltante que denunciou a extorsão de policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) ao ser preso depois do ataque a caixas automáticos em Cabrália Paulista (SP), na madrugada de quinta-feira (4), não confirmou as denúncias em depoimento aos corregedores da Polícia Civil. Durante negociação para se entregar, após a polícia fazer cerco ao ônibus em que grupo estava em uma praça de pedágio na rodovia Marechal Rondon, em Agudos (SP), o suspeito chegou a dizer que roubaria para pagar os policiais.

Segundo o delegado do Deinter 4, Marcos Mourão, o homem prestou depoimento na presença de um advogado. "Foi perguntado a ele sobre todas as alegações que foram gravadas pela imprensa, mas ele não confirmou nenhuma delas", destacou o delegado.

O homem e os outros oito integrantes da quadrilha foram presos no pedágio da rodovia Marechal Rondon depois que o ônibus usado na fuga foi interceptado. Foram quase quatro horas de negociação até que todos se entregassem.

"Os caras me deram prazo para estar pagando eles até sexta-feira agora, depois do carnaval. Se não os caras iam jogar, ia prender eu, jogar um monte de B.O e eu nem estava (sic). Pediu R$ 400 mil, nós já demos R$ 150 mil sendo que eu não tinha dinheiro. Eles prendem meus carros, eu pedi os carros para eu poder vender e pagar, os caras não quiseram dar prazo, certo, por isso que eu estou aqui, vim roubar para poder pagar os caras", disse o criminoso durante a negociação.

Mesmo com a negativa da denúncia, a Corregedoria da Polícia Civil vai investigar o suposto caso de extorsão envolvendo os policiais. "Esse é um bandido com um grande histórico criminal e é comum, até para desviar o foco, que tem policiais envolvidos. O importante é o seguinte, a Corregedoria vai investigar, mas a gente vê com muita reserva e preocupação, porque é fácil jogar nomes de policiais. Esse bandido não tem nada a perder, mas os policiais sim", explica o delegado do Deinter 4.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública confirmou que a Corregedoria da Polícia Civil de Bauru apura a denúncia. Informou ainda que um dos suspeitos presos e os policiais militares envolvidos na ação foram ouvidos na quinta-feira sobre o caso.

Os demais criminosos foram ouvidos na delegacia de Agudos, eles já passaram por exame de corpo delito em um hospital da cidade. Após os depoimentos eles devem ser encaminhados para cadeias da região. De acordo com o delegado Kléber Granja, da Delegacia de Investigações Gerais de Bauru, que vai assumir as investigações do caso, os homens vão ser indiciados por formação de quadrilha, porte ilegal de arma e tentativa de latrocínio, já que um deles atirou contra os policiais. Ele disse ainda que vai ser investigado se os criminosos participaram de outros roubos.

"Nós temos um protocolo de roubo a bancos em que inquéritos policiais, a medida que eles foram sendo praticados, todos eles estão sendo cruzados, todos os dados de telefones, armamento para análise balística, impressões digitais e agora vai ser feito um trabalho meticuloso para tentar descobrir se eles estão envolvidos em outros casos", diz o delegado.

A ação

Nove homens foram presos na ação policial. Segundo informações da polícia, eles chegaram à Cabrália Paulista em dois carros e explodiram dois caixas automáticos de uma agência bancária, conseguiram pegar todo o dinheiro e ainda tentaram explodir caixas em outra agência, mas não conseguiram.

Para fugir, eles abandonaram os veículos e seguiram em um ônibus de turismo fretado pelos próprios criminosos. O veículo foi interceptado pela Polícia Militar Rodoviária na Rodovia Marechal Rondon, próximo da praça de pedágio de Agudos. As placas de Sumaré, o horário e também o fato de todas as cortinas estarem fechadas chamou a atenção dos policiais que estavam em uma viatura e deram sinal de parada, que não foi respeitado.

"Um dos policiais lembrou que indivíduos e tempos passados fizeram um roubo a caixa eletrônico utilizando um ônibus na fuga e desconfiaram que os indivíduos no ônibus poderiam ser os que efetuaram o estouro do caixa eletrônico", explica o major Ordival Afonso Júnior, da Polícia Rodoviária.

No pedágio de Agudos, a polícia conseguiu cercar o ônibus. Oito criminosos se entregaram na hora e desceram do veículo. Mas quando os policiais foram vistoriar o ônibus, foram surpreendidos por tiros de fuzil. "Eles disseram que não havia mais ninguém no ônibus e no momento que entramos para fazer a vistoria fomos recebidos a tiros", afirma o sargento Gustavo Acosta Jorge.

O criminoso continuou no ônibus e durante quase quatro horas negociou com a polícia para sair do veículo. Por volta das 8h, o trânsito na Rodovia Marechal Rondon sentido capital já passava de 7km. O criminoso primeiro jogou as munições. Depois, os carregadores, colete a prova de bala, uma pistola, uma escopeta calibre 12 e dois fuzis. A tensão só terminou depois que ele se entregou.

Segundo as investigações, os integrantes da quadrilha vieram das cidades de Campinas e Sumaré (SP). O ônibus usado na fuga teria sido alugado pelos criminosos e para não levantar suspeita, depois de explodirem os caixas eletrônicos, primeiro eles fugiram em dois carros e depois pegaram o ônibus no horto florestal de Cabrália Paulista.

Como ainda havia explosivos dentro do ônibus, uma equipe do Gate, grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar, de São Paulo, foi até a cidade para avaliar a situação. Quando eles chegaram o trânsito voltou a ser interditado.

Com roupas especiais, eles desativaram o explosivo e guardaram em caixas especiais. Na vistoria feita no ônibus, os policiais retiraram seis caixas com dinheiro, que foram furtadas dos caixas eletrônicos. Elas estavam lacradas, mas foram abertas e nenhum dinheiro foi encontrado, segundo a polícia. A informação foi confirmada pela gerência do banco.

Do pedágio de Agudos, os agentes do Gate foram para Cabrália Paulista, onde houve as explosões. Eles vistoriaram as duas agências, e uma dinamite também foi recolhida em uma delas. O material explosivo foi levado pelos agentes do Gate para detonar em um lugar seguro. A área onde ficam as agências foi isolada para o trabalho da perícia da Polícia Civil que chegou ao local logo após a saída do Gate no início da tarde desta quinta-feira.

Criminoso estava armado com um fuzil (Foto: Reprodução / TV TEM)

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