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O golpe foi televisionado

Sérgio Vieira

  • 19/04/16
  • 15:00
  • Atualizado há 417 semanas

Em abril de 2002, na Venezuela, após uma série de ataques da mídia local, o presidente Hugo Chávez sofre um golpe e é sequestrado. Uma equipe da TV da Irlanda estava no país desde setembro de 2001, para realizar um documentário sobre o presidente e sua administração popular. Kim Bartley e Donnacha O'Obriain, ao perceberem a movimentação política do país, registraram as manifestações, pró e contra, que culminaram no golpe. Esses registros, com imagens inclusive do interior do palácio, se tornaram o documentário "A Revolução não será televisionada", lançado em 2003.

A elite venezuelana estava insatisfeita com a administração de Chávez, pois essa reduziu suas regalias. A mídia, principalmente televisiva, noticiava, mentirosamente, fatos contra o presidente, inclusive que chavistas teriam assassinado várias pessoas em um protesto. Nos dias do golpe, foi divulgado que o presidente renunciou, o que era mentira. A TV omitiu o fato de que Chávez não assinou a renúncia e que ele somente se entregou aos golpistas sob a ameaça de que o palácio presidencial ser bombardeado por militares contrários ao regime bolivariano.

Naquele momento era impossível que a verdade chegasse ao povo, pois os canais que apoiavam Chávez sofreram sabotagem técnica e ficaram fora do ar. Assumiu, com o apoio da mídia e com toda a arrogância, Pedro Carmona, destituindo os poderes até então constituídos. Os motoboys tiveram um papel importante: levavam as informações para a periferia de Caracas, e 12 horas depois, o povo pobre da Venezuela marchou contra o Palácio, retirando os golpistas e devolvendo o poder a Hugo Chávez.

No Brasil, a situação foi semelhante, mas inversa. O golpe foi televisionado pelo oligopólio midiático, capitaneado por uma organização criminosa chamada Rede Globo de Televisão, responsável por uma campanha absurda contra a presidenta Dilma, Lula e o PT, ao lado de outros veículos golpistas como Folha, Estadão, Veja e outros mais. De repente, a burguesia brasileira não admitia mais a redistribuição de renda aos pobres. Como não tem voto, resolveu buscar o atalho ao poder e buscou o golpe.

Quem assistiu o golpe televisionado teve condições de observar o espetáculo mais deprimente. Deputados envolvidos até o pescoço com corrupção, comandados por um bandido, no caso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, abrindo um processo de impeachment (golpe) contra uma presidenta contra quem não há qualquer acusação. O golpe brasileiro está sendo ridicularizado no mundo todo. A imprensa internacional está fazendo comentários desairosos contra o que aconteceu no Brasil.

Isso aconteceu porque temos um oligopólio midiático comandado por 11 famílias milionárias que diariamente trabalha contra os interesses da classe pobre brasileira. Conspira, quer manter os privilégios de poucos abnegados e não admite que a senzala tenha direitos. Quer manter a Casa Grande no poder. Caso este golpe se consume, o povo brasileiro vai cair na real e terá condições de observar o pacote de maldades que estão programando contra ele.

Para encerrar, quero lembrar dos "santos" que votaram contra a presidenta Dilma. Uma deputada lembrou que o Brasil deveria se espelhar no seu marido, prefeito de Montes Claros (MG), um exemplo de honestidade administrativa. Um dia depois, o mesmo foi preso pela Polícia Federal por corrupção na área da saúde. São estes que vão governar o Brasil cujo povo foi enganado até hoje por este oligopólio midiático mentiroso e criminoso.

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