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Onze operários morreram em obras olímpicas no Rio, aponta relatório

Dados foram coletados entre janeiro de 2013 e março de 2016. Linha 4 do metrô teve o maior número de mortos, segundo pesquisa: três

G1/Foto: Ricardo Cassiano/ Prefeitura do Rio

  • 25/04/16
  • 16:00
  • Atualizado há 413 semanas

Obras realizadas em instalações esportivas ou de legado para as Olimpíadas do Rio, realizadas entre janeiro de 2013 e março de 2016, causaram a morte de 11 operários. O levantamento foi divulgado nesta segunda-feira (25) pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro.

O número foi passado por Elaine Castilho, auditora responsável pela fiscalização das obras olímpicas, durante apresentação do Dia Mundial para Segurança e Saúde no Trabalho no Centro do Rio. Como fonte de comparação, o relatório indica que não houve morte de trabalhadores nas Olimpíadas de Londres, em 2010.

A Superintendência realizou 260 ações de fiscalização, com 1.675 autos de infração lavrados. Houve 38 interdições e embargos.

"É um time de futebol de mortos. Isso tudo causado por falta de planejamento, sem dúvida. É a correria na hora de finalizar", lamentou Elaine Castilho, auditora fiscal e coordenadora do trabalho de fiscalização nas obras de legado olímpico.

Linha 4 tem maior número de mortes

A Linha 4 do metrô teve o maior número de mortes: três. Um operário foi esmagado por um caminhão que andou para trás ao ser estacionado sem freio de mão; uma queda de escada com atropelamento nos trilhos; e outra de operário chicoteado por uma mangueira de ar comprimido.

No Museu da Imagem e do Som, em Copacabana, houve uma queda de andaime. No Museu do Amanhã, houve uma morte após um choque elétrico com queda.

Nas obras de ampliação do Elevado do Joá, um capotamento de veículo causou outra morte.

Nas obras do entorno do Parque Olímpico, houve uma morte por soterramento e outra por choque elétrico. Houve ainda um óbito por choque elétrico na Supervia e outro esmagamento em obras da Transolimpica.

Segundo Elaine, houve ainda dois casos gravíssimos de acidentes. No Parque Olímpico, um operário foi internado depois de um choque elétrico. Na Transbrasil, houve a amputação da perna de outro funcionário.

Copa do Mundo teve 8 mortes

O superintendente regional do Trabalho no Rio, Robson Leite, disse que o número de mortes em obras olímpicas é "assustador". De acordo com ele, na Copa do Mundo, em todo Brasil, oito trabalhadores morreram.

Ainda de acordo com Leite, os embargos realizados pela Superintendência do Ministério do Trabalho impediram até a realização de um evento teste no Velódromo, no Parque Olímpico.

"Fomos até o Velódromo e lá havia uma série de problemas: ameaça ao trabalhador, cinto de segurança para quem ia construir a pista, problemas na parte elétrica que, no Museu do Amanhã, por exemplo, causou a morte de um trabalhador devido a um choque elétrico. Houve falta de sinalização de risco para evitar mortes e acidentes. Nós embargamos as obras e o evento-teste foi cancelado", explicou Robson, que disse que o embargo ocorreu entre fevereiro e março.

O superintendente diz que existe uma falta de compromisso da prefeitura com a saúde do trabalhador.

"Hoje as obras da prefeitura deixam muito a desejar no que diz respeito à segurança e saúde do trabalhador. Nosso objetivo não é autuar, interditar ou multar. Queremos mostrar que a segurança do trabalhador é inegociável. Os números com relação às olimpíadas nos preocupam, ainda mais na fase terminal dos projetos, em que há a pressão pelo término das obras", avaliou.

O G1 procurou a Empresa Olímpica, o Consórcio da Linha 4 e a Prefeitura, mas não havia obtido resposta até a última atualização desta reportagem.

Parque Olímpico teve duas mortes, segundo relatório

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