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Arma nem de brincadeira

A violência ligada à arma de fogo e por isso existe uma lei que regulamenta melhor o uso de armas

psicologiasdobrasil.com.br/Foto: Ilustrativa

  • 28/04/16
  • 09:00
  • Atualizado há 417 semanas

Atualmente a violência é um dos principais temas de discussão - violência

doméstica, abuso, discriminação, injustiça social, econômica etc. Também existe

a violência ligada à arma de fogo e por isso existe uma lei que regulamenta

melhor o uso de armas.

Nós, da Aliança pela Infância, junto com o Conselho Parlamentar pela Cultura

de Paz queremos incrementar estas ações com uma campanha de

desarmamento infantil. Desarmamento de brinquedos e brincadeiras que

incentivam a violência.

A pergunta fundamental nesta campanha é: Será que o brincar violento

incentiva a criança a ser violenta quando adulta? E quais seriam as alternativas?

Podemos tecer algumas considerações do ponto de vista histórico.

Sempre existiram brincadeiras violentas que, em parte, eram um preparo para

guerrear, caçar ou se defender contra animais selvagens e invasores. O simples

brincar do menino índio com sua flechinha, brincadeiras como polícia e ladrão,

soldadinhos de chumbo etc. podem ser considerados como brincadeiras

violentas neste sentido.

Mas existe uma diferença radical: embora cruéis - as

guerras antigamente eram guerras pequenas e locais, o que não é o caso desde a

invenção da bomba atômica, que pode destruir o planeta todo de uma só vez. A

partir deste momento histórico onde a inteligência humana conseguiu esta

façanha, temos que conscientemente usar nossa inteligência para resolver

conflitos de um modo diferente.

Assim, devemos ensinar às crianças a cooperar.

O assunto não é tão simples! Por que? Porque dentro da alma humana existem

impulsos de vontade, de energias enormes que, em primeiro momento, não são

direcionadas para um fim específico. É uma força grandiosa que se movimenta,

muitas vezes sem controle. Esta força existe! E ela precisa de uma meta, uma

meta construtiva.

A palavra violência vem do latim "volere" que significa querer. Então, violência é

uma força do querer, do atuar, do agir. Trata-se de direcionar esta força do

querer.

A maneira de deixar esta força se manifestar é criar um espaço "almado" (com

alma), inspirador para:

• brincar;

• movimentar-se no espaço;

• movimentar a alma (arte);

• exercitar suas mãos (artesanato etc);

• fazer algo para o outro;

• gastar sua força física (jardinagem, caminhadas etc).

Um denominador comum de todas estas atividades é que elas nascem de uma

vontade interna. Se conseguirmos ouvir a criança em suas necessidades e

interesses mais essenciais, teremos metade do caminho percorrido. A tarefa do

adulto é principalmente a de criar um ambiente propício e não interferir com

invasões de imagens externas que deformam a imagem do ser humano, como é

o caso de muitas imagens de TV, jogos eletrônicos, brinquedos temáticos etc.

As brincadeiras precisam ser à altura da criança, da sua

"digestibilidade psíquica", senão embrutece a alma.

Um ponto importante de reflexão é: este brincar enobrece a alma ou ele a

dessensibiliza?

Mas será que jogos de competição como bola queimada, xadrez, vôlei não

podem ser benéficos? Depende do como brincar, se é com alegria ou com raiva.

Acredito que só se tornariam prejudiciais se, por exemplo, a mesma turma

sempre joga contra a mesma; assim fixaríamos uma relação permanente de

competição.

Penso que a criança refaz o caminho da evolução humana onde,

numa certa época, surgiram brincadeiras de competição; elas ensinam a

criança, entre outras coisas, a lidar com frustrações e seus

próprios limites.Talvez a criança também necessite ter esta experiência

numa determinada idade, mesmo numa época em que precisamos

aprender essencialmente a cooperar uns com os outros. De qualquer

maneira não há dúvida de que os valores de cooperação precisam entrar

no universo da criança para o equilíbrio interno e externo da

acirrada competitividade que vivemos.

Junte-se à campanha "Desarme a criança para amar"

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