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A turma do ¨leva e traz¨

Daniel Freitas

  • 07/03/17
  • 06:00
  • Atualizado há 372 semanas

Tem uma tradicional brincadeira denominada ¨Telefone sem fio¨, que certamente foi inventada numa época em que jamais se imaginava que um dia pudesse mesmo existir um aparelho de telefone sem fio.

Crianças, adolescentes e também adultos gostam muito desta brincadeira, que além de desenvolver a capacidade de audição, exercita a comunicação e também a memorização e por isso é muito utilizada em dinâmicas de grupo.

A brincadeira consiste em se formar uma fila com várias pessoas, devendo ter inicio com a última sussurrando no ouvido da que está a sua frente uma frase, sem repeti-la, devendo esta passar da mesma forma para a próxima e assim sucessivamente até chegar à primeira da fila. Esta deverá dizer em voz alta como a notícia chegou até ela e é simplesmente engraçado e impressionante como a informação acaba completamente deturpada, notando-se inclusive uma tendência dos participantes em acrescentar sempre algo ao que ouviram.

A verdade é que esta brincadeira reproduz uma realidade lamentável, a dos boatos e fofocas, ou seja, informações imprecisas, incoerentes que são passadas totalmente distorcidas do fato original, isto quando não são maldosamente inventadas. E neste caso, claro, não tem nenhuma graça.

Quantas vezes na vida as conseqüências desta prática condenável provoca intrigas, revolta, preconceito e até mesmo sofrimento para suas vítimas.

Certa vez fui contratado para fazer um cerimonial de formatura em uma igreja evangélica; era um sábado, e como sempre faço, cheguei bem cedo ao local e fiquei na porta da igreja, engravatado, porque isto faz parte do meu trabalho. Acontece que a rua da igreja estava bastante movimentada e por ali passavam muitos carros e com isto muitas pessoas me viram. O resultado foi que na segunda-feira o boato na cidade, principalmente em meu bairro, era que eu havia me tornado evangélico e inclusive, foram dizer isto ao padre de minha paróquia.

Depois de o boato ter circulado durante uma semana, no final eu já havia sido promovido a pastor e até recebi alguns telefonemas de amigos que queriam saber se o que comentavam a meu respeito era mesmo verdade. Ora, nada contra evangélicos, mas sou católico e não deixo minha religião por nada.

Disse alguém: ¨Se os fofoqueiros cuidassem da sua própria vida como cuidam da dos outros, o mundo teria bem menos gente frustrada, fracassada e mal-amada¨.

Penso que é isto mesmo.

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