Buscar no site

O caixão

Daniel Freitas

  • 14/03/17
  • 06:00
  • Atualizado há 370 semanas

Quem conta um conto acrescenta um ponto; isto é antigo e verdadeiro, sobretudo no que diz respeito ao que é sinistro. Parece que existe uma tendência das pessoas em aumentar o que ouvem em histórias desta natureza e não se trata de sentimento de maldade, porque segundo os especialistas nesse assunto este comportamento é uma reação do próprio medo que as pessoas têm do que é trágico.

Dizem que isto aconteceu no município de uma pequena cidade do interior de Sergipe, numa época em que a jardineira, veículo aberto nas laterais, era muito usada, até mesmo porque era o único meio de transporte coletivo daquele tempo. Devido ao seu formato, era simplesmente impossível a pessoa viajar nela de pé e, portanto, quando ela estava lotada, as pessoas mais arrojadas costumavam subir em sua cobertura.

Um dia, o motorista de uma jardineira transportava em sua cobertura um caixão de defunto por encomenda, o que, aliás, era comum naquele tempo, cujo destino era um lugarejo onde alguém havia parado de respirar.

O dia estava movimentado e logo a jardineira já não tinha mais lugar, o que levou um passageiro que acabara de subir a buscar o andar de cima. Acontece que logo começou a chover e ele não teve dúvidas, para se proteger da chuva entrou no caixão e fechou a tampa, mas logo acabou dormindo.

O motorista foi parando pelo caminho e pegando outros passageiros que também tiveram que recorrer ao andar de cima da jardineira e então, aquele caixão foi motivo das mais fantasiosas histórias próprias de velórios.

De repente o sujeito que estava dentro do ataúde acordou, levantou a tampa e gentilmente saudou a todos.

- Olá pessoal.

A jardineira ficou vazia, porque os que estavam no teto pularam e os que estavam na parte de baixo foram no embalo.

Receba nossas notícias em primeira mão!

Veja também
Mais lidas
Ver todas as notícias locais