Buscar no site

Meninas rompem preconceito e se destacam no futebol feminino em Assis

Treinos gratuitos são realizados pela técnica Cássia Virgulino

Redação AssisCity/ Fotos: Divulgação

  • 13/11/18
  • 08:00
  • Atualizado há 284 semanas

Durante muito tempo, era comum ouvirmos desde cedo que bola é para menino e boneca para menina. Apesar do preconceito ainda existente, garotas de todas as idades têm rompido com esse pensamento excludente e conquistado seu espaço no mundo dos esportes.

Em Assis, a treinadora Cássia Virgulino é quem comanda os treinos de futsal das equipes femininas da Secretaria Municipal de Esportes. Ela conta que ainda há certa resistência, mas também muito apoio.

"Eu percebo que ainda existe certa resistência, mas muitas meninas estão lá porque os pais e as mães levam e incentivam elas a jogarem. Antigamente treinávamos só a equipe adulta, mas recentemente começamos a treinar também as mais novas. Os familiares ficam na arquibancada, acompanhando o trabalho e também torcendo pelas meninas", afirma.

Cerca de 40 crianças e adultas participam dos treinos e competições, o que possibilita que os treinos ocorram.

"As categorias de base são as sub 9, sub 11 e sub 16, além da equipe adulta. Em 2017 tínhamos poucas jogadoras e por isso não conseguíamos montar time, mas agora temos equipes que treinam e se dedicam muito ao esporte. Ainda mantemos só o futsal por conta dessa adesão, já que no futebol de campo teríamos que ter ainda mais atletas. Mas seguimos acreditando que um dia teremos um número grande de jogadoras e que poderão mostrar o seu talento dentro e fora de Assis", salienta.

Cássia conta que a maior referência das garotas é a brasileira Marta, que foi eleita a melhor jogadora do mundo pela sexta vez em 2018.

"A Marta com certeza é a inspiração das meninas, porque ela é a única atleta que já ganhou o prêmio de melhor do mundo por seis vezes. Nem no masculino conseguiram isso, não há histórico que ultrapasse essa marca dela. Infelizmente as jogadoras ainda enfrentam muito preconceito e falta de vontade mesmo das equipes e times, porque para eles não é lucrativo e por isso falta investimento. Mas em Assis mesmo temos meninas muito talentosas e logo vemos que a maneira de fazer o passe é diferenciada, por exemplo. Colheremos esses frutos mais adiante, mas é uma meta pensada a longo prazo", frisa.

A treinadora afirma que a participação das meninas em competições pode trazer oportunidades ainda maiores.

"Uma das barreiras é que, quando as atletas chegam na idade de 15, 16 anos, elas têm que optar entre treinar ou trabalhar. Por isso o investimento é tão importante para que elas possam seguir na carreira profissionalmente. A bolsa atleta ajuda muito nesse sentido e incentiva elas a continuarem no esporte. Participar de campeonatos também é um incentivo a mais para elas aparecerem e serem vistas, porque quem disputa o Paulista, por exemplo, está sendo observada e pode ter a oportunidade de ser chamada para uma equipe maior, com mais estrutura, assim como já tivemos exemplos da nossa cidade", diz.

Em 2018, a equipe feminina de futsal de Assis foi campeã do Sub Regional e do Regional, além de ter ficado em 7º lugar no Campeonato Estadual, que teve a participação de 16 equipes classificadas de cidades do interior e também da capital.

Apoio das famílias

Não importa a modalidade, o apoio dos pais e da família é essencial para motivar as crianças a continuarem no caminho do esporte.

Luzia Moreira é mãe da pequena Letícia Moreira Lopes, de apenas 9 anos. Ela conta que este é o segundo ano que a filha treina futsal e é a atividade que ela mais gosta.

"Esse é o segundo ano que ela está treinando. Uma conhecida nossa tinha começado antes, falou para ela e ela se interessou. A Letícia é bem virada para o esporte e vai bem nas modalidades em geral. Ela faz natação, rugby e até joga vôlei também, mas o que ela mais gosta mesmo é o futebol. Durante um tempo ela treinou com a escola, onde o time era misto, mas agora ela tem a oportunidade de jogar com as meninas e acho que se sente mais à vontade também", afirma.

Segundo Luzia, a família não tem preconceito com a modalidade e ela mesma já jogou quando mais nova.

"Quando eu era mais jovem, eu também jogava. Eu gosto que ela pratique esporte, porque faz bem para a saúde e para o corpo. Na escola também traz disciplina e toda a família apoia. Meus irmãos também já praticaram esportes e somos uma família que valoriza isso. Não tem nenhum preconceito, porque o mais importante é fazer o que gosta", salienta.

Andrea Ruiz Siqueira Coelho é mãe de Manuela e Isabela Siqueira Coelho. Ela conta que as irmãs amam jogar futsal e não faltam aos treinos, faça chuva ou faça sol.

"A Manuela tem 12 anos e sempre gostou de esportes. Ela sempre teve interesse em futebol, mas nunca jogou fora, só em casa mesmo, com o irmão mais velho. Já a Isabela tem 10 anos e nunca foi muito interessada pelo mundo esportivo, mas esse ano ela começou a praticar futebol na aula de Educação Física e o interesse aumentou. O primeiro projeto que fiquei sabendo foi o PV48, que elas foram e começaram a jogar junto com os meninos. Eles são da mesma idade, mas parece que eles tinham um pouco de medo em machucá-las. Foi o treinador Mé que falou sobre as equipes femininas treinadas pela Cássia. Comecei a levar as meninas e elas amaram", conta.

Segundo Andrea, a didática da professora Cássia foi um dos incentivos a mais para a paixão das meninas pelo futsal.

"O jeito que a Cássia ensina é cativante, porque ela tem muita didática. Ela ensina os passos, as jogadas, é uma excelente professora e as minhas filhas amaram. As duas não faltam e não querem faltar, faça chuva ou faça sol. Se pudessem, elas iriam todos os dias da semana. As duas são corinthianas e acompanham futebol na televisão. A referência feminina delas é a Marta, enquanto no masculino é o Cristiano Ronaldo", salienta.

A mãe das meninas acredita que a resistência por parte dos meninos tem diminuído, enquanto o incentivo da família só aumenta.

"Ainda sentimos certa resistência por parte dos meninos, mas está melhorando. Há alguns dias a Manu disse que iria jogar pelo interclasses na escola e um menino comentou 'olha, uma menina que joga', como se fosse uma extraterrestre. Mas nós apoiamos e estimulamos bastante a participação delas nesse esporte, para romper com o preconceito. Além disso, a disciplina e o relacionamento delas com os outros melhorou muito depois que elas começaram a treinar e isso é ótimo. Se tem tarefa da escola e elas não fizeram ainda, não podem ir para o treino, para proporcionar esse senso de responsabilidade. Elas ainda não falam do esporte como profissão, mas quem sabe teremos futuras jogadoras", conclui.

As meninas que tiverem interesse em participar, podem procurar a técnica Cássia durante os treinos. As equipes de base treinam às terças e quintas-feiras, das 19h30 às 20h40 no GEMA; já a equipe adulta treina das 20h50 às 22h, também no Ginásio. Às sextas-feiras, o treino é realizado na EMEF Maria Clélia de Oliveira Vallim. Das 19h às 20h para as equipes de base e das 20h às 21h para a equipe adulta.

Categoria de base do Futsal Feminino de Assis agrega meninas de 8 a 16 anos

Jogadoras rompem o preconceito e treinam gratuitamente toda semana

Equipe Sub 16 que disputou a final Infantil do Estado de São Paulo

A pequena Letícia Moreira Lopes ao lado da treinadora Cássia Virgulino

Receba nossas notícias em primeira mão!