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100 dias de "caneladas"

COLUNISTA - José Reynaldo Bastos da Silva

José Reynaldo Bastos da Silva

  • 14/04/19
  • 18:00
  • Atualizado há 261 semanas

Será que erramos de novo?!? É a reflexão que grande parte dos que elegeram Bolsonaro, inclusive eu (no segundo turno das eleições de 2018), estamos fazendo ao se findarem os seus cem primeiros dias de governo.

Pelas urnas, removemos o "tsunami" da corrupção que assolou o Brasil nos governos que o antecederam. Fizemos certo.

Porém, o que fazer agora?

Temos consciência que 100 dias são aproximadamente apenas 7% do tempo de 1.440 dias que o governo dispõe para consertar o país e colocá-lo no rumo do desenvolvimento que todos nós almejamos.

Sabemos que um governo não é só um presidente da república; embora deva sê-lo nossa referência principal e até mesmo emblemática no sistema presidencialista no qual estamos incursos. E presidencialismo de coalizão, ou seja, depende de articulação política com os partidos que compõem o congresso nacional.

Articulação demanda habilidade pessoal, criatividade e humildade. Exige muito diálogo, saber mais ouvir do que falar para se chegar num entendimento mediano que conduza a uma decisão acertada, a uma concentração em maioria, essência da democracia, pela qual tanto lutamos, prezamos e dela não abrimos mão. Uma democracia representativa que não pode apenas se limitar a escolher governantes, mas, acima de tudo, participar ativamente do acompanhamento dos atos de gestão, até mesmo criticamente e construtivamente.

É isto o que temos que fazer agora.

O Brasil só entrará nos trilhos do necessário crescimento econômico com investimentos privados advindos do exterior; de países com os quais tenhamos bom relacionamento diplomático, deixando de lado a ideologia.

Precisamos também exportar mais nossos produtos agrícolas, minerais e industriais, bem como vender serviços e atrair turistas de todas as nacionalidades. Para tanto, é imprescindível que estejamos abertos para todos os países do mundo: sejam eles comunistas ou não. Deixar de lado sentimentos e rancores anti-esquerda, do divisionismo político ou das hipocrisias de reavivamento do nazifascismo que queremos sepultado para sempre: nenhum extremismo sequer. Não é da índole do brasileiro e da brasileira, notadamente nos novos tempos em que vivemos.

Sejamos pelo centro democrático e pelo equilíbrio nas relações que demonstre uma sólida segurança jurídica, constitucional e pragmática, para nos inserirmos com evidência na globalização, na geopolítica internacional como respeitáveis players.

Sem qualquer demagogia, até porque o povo brasileiro, nós, não aceitamos mais sermos apenas conduzidos e muito menos enganados, o que este governo tem que fazer é simplesmente governar. Descer do palanque da campanha e responder às justas lamúrias sociais com muito trabalho e dedicação. Melhorar o Brasil para todos os brasileiros sejam eles civis ou militares, imigrantes ou descendentes de judeus ou de árabes; brancos, negros ou mestiços; católicos, protestantes, muçulmanos, budistas ou afrodescendentes; homo ou heterossexuais... Acima de tudo somos todos brasileiros e queremos um Brasil livre de preconceitos e discriminações. O desafio está posto. Fazer história e não perder o bonde da história mais uma vez é o que esperamos deste governo.

Porque, como ele próprio definiu, até então, somente o que temos a registrar são 100 dias de "caneladas"!

*José Reynaldo Bastos da Silva é analista político.

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