Análise do Filme "Tartarugas Ninjas"

No decorrer dos anos 80 até o começo dos anos 90 uma franquia de brinquedos e séries animadas ficou bem famosa, a franquia conhecida no Brasil apenas como "Tartarugas Ninjas" rendeu milhões enquanto conquistava fãs por todo o mundo, sem dúvida nenhuma as simpáticas tartarugas fizeram parte da infância de muitos, o sucesso do show foi tão grande que elas sofreram readaptações e reboots ano após ano e é uma das poucas séries que podem ter o orgulho de criarem uma ponte entre gerações.

Tal ponte de gerações foi o motivo do filme causar tanto alarde quando anunciado, não só era um filme para crianças como também para adultos, acho que principalmente para o publico mais velho que teria a atenção chamada pela nostalgia dos bons e velhos tempos, eu que sou uma "criança dos anos 90" não podia deixar de ver o filme.

Infelizmente todas as preocupações que tive ao ver o trailer se concretizaram, problemas com a direção que não tem nada de sutil, atuações dignas do "framboesa de ouro" e a historia tem mais furos que muito queijo por ai. A minha maior preocupação com o longa era o envolvimento de Michael Bay na produção, por vários motivos Bay já se tornou piada no meio cinematográfico e é considerado um dos diretores mais clichês e menos competentes de hollywood, e infelizmente as suas "impressões digitais" estão por todo o filme.

O diretor do filme, Jonathan Liebesman deixou todas as suas características próprias e adotou a constante Bay para conduzir o filme, a "constante Bay" nada mais é do que uma formula usada em todos os filmes do diretor, Explosões + Uma atriz + Câmera Lenta = Sucesso de bilheteria, mesmo que não tenha conteúdo relevante, os filmes vendem. O longa "Tartarugas Ninjas" sofreu desse mau, onde deixaram todo dialogo e toda a construção de personagem para colocarem mais cenas com a Megan Fox fazendo cara de sexy para a câmera.

Nenhum filme de ação se consolida sem a presença de um icônico antagonista, as Tartarugas não podiam ser diferentes, no show original temos a presença de Destruidor, o samurai invocado que quer dominar o mundo, e por incrível que pareça o novo filme conseguiu deixa-lo ainda mais genérico, o transformando em um personagem sem carisma, sem personalidade, e infelizmente, completamente esquecível.

O longa é realmente confuso quanto a direção que quer tomar, em um segundo ele assume uma postura mais obscura e séria e no próximo segundo estão fazendo piadas realmente infantis, tenho certeza que tentaram misturar o clima mais descontraído do show de TV com o clima mais pesado e adulto das Historias em quadrinhos, infelizmente falharam em ambos, por um lado o filme é liberal o suficiente para que Michelangelo, uma das tartarugas, faça piadas famosas do desenho mas por outro lado é completamente receoso em explorar mais do universo que ronda as historias, transformando o icônico Clã do Pé, que na versão original era formado por ninjas, em apenas um grupo terrorista bem genérico e dispensável.

Apesar de toda a confusão, descaracterização de personagens e a constante Bay o filme tem algo que me agradou, é o quarteto, Michelangelo, Donatello, Raphael e Leonardo que é bem representados na tela, a atuação de voz é bem feita, as coreografias agradam e a química entre as quatro realmente funciona, enquanto elas estavam em cena eu realmente consegui aproveitar o filme, consegui ter aquele sentimento infantil e ver os heróis que acompanhei na minha infância, até que eles eram deixados de lado para que Megan Fox pudesse ter mais espaço, se o filme cujo o nome é "Tartarugas Ninjas" tivesse mais tartarugas e mais ninjas provavelmente seria mais em recebido pelo publico em geral.

O filme não agradou os fãs e é bem esquecível pelo resto do publico, felizmente uma sequencia foi confirmada, espero apenas que o diretor não fique na sombra de Michael Bay e realmente tente criar algo único e surpreendente no nível de filmes como Guardiões da Galáxia e Planeta dos Macacos: O confronto.

Embora o filme tenha uma boa representação dos personagens principais tem se uma grande confusão quanto o caminho que ele queria seguir, péssima construção de personagem, completa falta de respeito pela material original, entre os grandes efeitos visuais da nova versão e a criatividade e roteiro do filme de 1990, eu fico com versão antiga, muito obrigado.

Por Matheus Henrique dos Santos - Estudante e amante do cinema