Buscar no site

Erros estratégicos que uma usina deve evitar

  • 19/08/15
  • 17:00
  • Atualizado há 449 semanas

Assistimos hoje o prolongamento de uma crise setorial que chama a atenção pela sua longevidade. Como há anos venho repetindo neste editorial e não pretendo hoje me aprofundar, o governo vem desde 2010 praticando uma macabra e infernal política destrutiva, que vem interferindo e frustrando todo e qualquer plano de administração, seja ele nas fazendas ou nas usinas, tudo isso agravado por problemas climáticos e regulatórios sem precedentes em nossa história. Tudo somado, nos vemos num cenário de tempestade perfeita se abatendo em nosso valente barquinho que teima em resistir.

Mas agora é preciso analisar mais atentamente as políticas e ações dos grupos industriais em relação aos seus fornecedores e como elas poderiam ser dinamizadas para que possamos enfrentar tamanho problema.

É fato que a tecnologia no campo não avançou como em outras áreas, pois ainda plantamos variedades antigas e a mecanização por enquanto só nos tem trazido custos ao invés de lucros, mas não podemos exigir do agricultor a tarefa bilionária de pesquisar novos cultivares e novos equipamentos. Essa empreita é historicamente atribuída a governos e/ou grandes conglomerados empresariais com capital adequado.



Por seu lado, as indústrias têm praticado políticas distintas em direção aos seus parceiros. Entre grupos financeiramente sólidos e que têm apresentado algum lucro nestas safras sofridas, alguns mostram uma estratégia realista e de longo prazo, mas outros demonstram visão imediatista e míope.

Existem os grupos que compreendem que pela sua própria natureza terão que existir por longo tempo e enxergam e compreendem que seus fornecedores atravessam um momento pior que o da indústria. Enxergam também que para o seu próprio interesse terão que, nesse momento dramático, ajudar a preservar de alguma maneira as atividades canavieiras, mesmo que isso impacte seu balanço no presente momento. Estes pagam Consecana mais um "plus" e/ou praticam algum tipo de ajuda ao plantio ou subsídio ao CTT.

Existem, por outro lado, grupos que estão preocupados em entregar a seus acionistas lucros e dividendos a qualquer custo, e possuem executivos profissionais que ganham bônus por resultado, ignorando o inevitável impacto logo mais à frente. Estes se mostram renitentes em estender a mão a seus parceiros e enxergam isso somente como mais um aumento de custos. Está formado o cenário para uma desagregação, já visível em algumas regiões, de plantadores de cana que, desamparados por suas usinas e pressionados pela sua própria sobrevivência, mudam para outras culturas que hoje se apresentam mais rentáveis.

A pergunta é: será que os que diversificarem voltarão ao setor no futuro?

Sylvio Ribeiro do Valle, presidente da Assocana

Receba nossas notícias em primeira mão!

Veja também
Colunistas Blog Podcast
Ver todos os artigos