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Cabelo apreendido pela Receita vira peruca para pacientes com câncer

Quantidade é suficiente para fazer perucas pelos próximos três anos. Material foi apreendido porque importador usou documentos falsos.

Jornal Nacional

  • 25/11/15
  • 09:00
  • Atualizado há 439 semanas

Uma carga gigantesca apreendida pela Receita Federal recebeu um destino muito nobre: vai ajudar quatro mil mulheres. Foi uma apreensão que surpreendeu até os fiscais da Receita: cabelo, uma tonelada e meia de cabelo vindo da Índia. Seria vendido no Brasil pra fazer apliques ou perucas. Acabou parado no depósito da Receita nos últimos dois anos.

A carga foi apreendida porque o importador usou documentos falsos pra entrar no Brasil. Ele declarou um valor bem abaixo do real, disse que ela valia R$ 60 mil e a estimativa da Receita é de que ela valha mais de R$ 1,5 milhão. Isso falando do preço no mercado, porque, a partir de agora, cada mecha de cabelo vai ganhar um valor impossível de se calcular.

Um time de rosa é de mulheres voluntárias do Hospital do Câncer. Elas foram pessoalmente buscar a carga, que vai ser usada pra fazer perucas para mulheres que estão passando por quimioterapia. "O principal é a autoestima, porque tem pacientes que entram na nossa sala falando que foi mais dolorido perder o cabelo do que a mama", destaca a coordenadora do programa de voluntariado do Icesp, Oli Menutti.

Então, vamos pra sala das voluntárias, onde a bacharel em direito Melissa Bueno tira o lenço para vestir essa tão falada autoestima. "Cabelo é tudo para uma mulher. Então, a peruca entra como o cabelo. Faz você se sentir mais feminina, mais bonita, tudo isso", avalia.

E não confunda autoestima com uma questão mais superficial de vaidade. Cabelo ou a peruca pode ter um efeito tão poderoso quanto o do tratamento. "É lógico que faz falta ter uma peruca, ter um cabelo. Até porque as pessoas olham pra gente de uma maneira diferente, com aquele olhar de piedade, que é o que a gente não quer. Nós continuamos inteiras. Pode faltar um pedacinho, mas nós estamos inteiras. Então, isso aqui vale ouro", aponta a psicóloga Bete Duarte.

Agora, elas tem então uma tonelada e meia desse ouro em fios. E, se antes faltava cabelo pra fazer todas as perucas necessárias, agora elas comemoram o cabelo pra fazer perucas pelos próximos três anos.

"A peruca é dada. Isso que é o melhor. Então ela é sua. Não vou precisar vir aqui no hospital e devolver. E agora, com essa doação que nós conseguimos, muitas outras mulheres vão ser beneficiadas, vão se sentir como eu me senti ganhando a minha peruca", diz Melissa.

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