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Própolis vermelha tem substâncias que inibem o crescimento de células cancerígenas

Estudo realizado por grupo de cientistas mostrou que dois compostos do produto natural foram capazes de conter a multiplicação de células com câncer de mama, cérebro, ovário e próstata

Divulgação

  • 01/10/20
  • 19:00
  • Atualizado há 185 semanas

Produto historicamente conhecido por sua ação anti-inflamatória, a própolis poderá ganhar uma nova função no futuro, de acordo com um estudo preliminar que envolveu pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP. Após descobrirem oito substâncias inéditas da própolis vermelha, extraída de colmeias em Alagoas, os cientistas observaram que duas delas foram capazes de inibir o crescimento de células de câncer de mama, próstata, cérebro (glioma) e ovário, levando 50% delas à morte em testes iniciais realizados no laboratório. A pesquisa foi publicada na revista científica internacional Journal of Natural Products.

No trabalho, os cientistas compararam o desempenho das duas substâncias promissoras com a doxorrubicina, quimioterápico utilizado no tratamento do câncer. "Nos primeiros testes realizados in vitro, os compostos da própolis vermelha se mostraram tão eficazes quanto o medicamento. No entanto, muitos anos de estudo ainda devem ser realizados para comprovar a ação destas substâncias que, se forem realmente eficientes, talvez possam se tornar mais uma alternativa para tratar a doença", afirma Roberto Berlinck, professor do IQSC e um dos autores do trabalho, que foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

A própolis é formada após as abelhas coletarem resinas presentes nas árvores e plantas e depositarem o material na colmeia, onde ele é misturado com cera, óleos e outras secreções até atingir a sua composição final, que serve de proteção para as polinizadoras contra a ação de fungos e bactérias. Mais rara que a própolis verde, amarela e marrom, a própolis vermelha tem o Brasil como um de seus maiores produtores mundiais. Encontrado exclusivamente no estado de Alagoas, o composto é produzido por abelhas da espécie Apis mellifera, que se alimentam de uma resina avermelhada presente nos caules da árvore Dalbergia ecastaphyllum, popularmente conhecida como Rabo-de-bugio.

Com estruturas até então desconhecidas pela ciência, as novas substâncias isoladas da própolis vermelha fazem parte da classe dos polifenóis, compostos naturais abundantes na natureza, principalmente em plantas, e conhecidos por sua atividade antioxidante, antibactericida e antifúngica. Os polifenóis podem ser encontrados na soja, cereais, vegetais e suco de uva, tendo, inclusive, seu consumo indicado em dietas ricas em vegetais. Outra função dessas substâncias é a de proteção das plantas contra a radiação ultravioleta, atuando como uma espécie de "protetor" solar dos vegetais. Diversos polifenóis também conferem diferentes cores a flores e folhas de árvores durante o outono.

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