Transexual de Assis fala sobre a realidade das pessoas trans
Marcelo Muniz está no processo de transição
A transexualidade é um dos pontos da realidade vivida pelas pessoas que fazem parte do grupo LGBTQI+, que não se identificam com o sexo biológico, ou seja, não se identificam o sexo que nasceram.
O marqueteiro Marcelo Muniz, de 32 anos, conta que desde o início de sua infância não se identificava com o gênero biológico feminino que nasceu.
"Eu passei toda a minha infância e adolescência me identificando como homossexual. Eu não conhecia e não sabia da existência de homens e mulheres transsexuais e por isso passei todo esse período me sentindo preso, um homem preso em um corpo de mulher", explica Marcelo.
Além do autoconhecimento, para Marcelo, "as pessoas que não se identificam com o gênero biológico precisam enfrentar o preconceito diário da sociedade. O Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais no mundo e a violência contra essas pessoas são muitas vezes de forma velada e mascarada", diz e ainda cita experiência vivenciada em Assis. "Já vivenciei em Assis amigas transsexuais que sofrem na hora de encontrar emprego e acabam no mundo da prostituição. Eu já sofri preconceito ao usar banheiros em baladas, assim como a falta de respeito no uso do meu nome social. A sociedade, além de não aceitar, não respeita a vida do outro", lastima Marcelo.
Outro problema enfrentado pelos transexuais está vinculado a tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que, apesar de oferecer o processo de transição para pessoas trans, ainda são poucas as cidades que disponibilizam o serviço.
"Para eu iniciar meu processo, precisei ir para Presidente Prudente, já que Assis não oferece o serviço. A gente toma a testosterona de acordo com a taxa hormonal, e é bem tranquilo, o acompanhamento é de 3 em 3 meses, fazemos exames e cuidamos para que todo o processo siga de forma saudável", explica.
Entre todas as considerações e experiências relatadas por Marcelo, ele deixa um recado para as pessoas transexuais, que é se aceitarem primeiramente. "Nós precisamos desse processo de autoaceitação, de entender o que somos e como somos. Hoje ao me olhar no espelho sinto que finalmente estou conseguindo alinhar meu eu interior com o exterior", finaliza.
No quadro 'Entrevista das 10', do Portal AssisCity, Marcelo ainda abordou toda a polêmica envolvendo o ator transexual Thammy Miranda e a Natura, após ser convidado pela empresa para participar de uma das propagandas de Dia dos Pais.
Confira na íntegra a entrevista completa: