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A emancipação do ser humano na construção de um planeta saudável

COLUNISTA - Luiz Alexandre Solano Rossi

Divulgação

  • 02/09/20
  • 20:00
  • Atualizado há 189 semanas

Na literatura bíblica, o meio ambiente é o lugar onde se realiza a história. Assim, podemos dizer que história e natureza estão intimamente ligadas. Da mesma maneira que se constrói a história, é vista e tratada a natureza. Além disso, a natureza nos textos bíblicos não é apresentada como um elemento a mais na criação; ao contrário, ela é associada à história humana. Não se pode descrever o pensamento bíblico sobre o meio ambiente sem nenhuma referência à história. Afinal, a ação de Deus e seu encontro com a humanidade acontecem na história. A experiência divina com o povo está definida, necessariamente, no espaço e no tempo de cada ser humano.

Consequentemente, criação e humanidade participam do mesmo destino comum, ou seja, os problemas de que trata a ecologia não afetam apenas o meio ambiente. Afetam o ser mais complexo da natureza, que é o ser humano. E entre os seres humanos, os mais pobres são os que recebem com maior impacto os efeitos da degradação ambiental, com o agravante de não terem acesso a condições favoráveis de saneamento, alimentação, entre outros e não poderem se utilizar dos artifícios de que os mais ricos normalmente se valem para escapar do espaço urbano poluído.

É preciso superar urgentemente a visão que separa o ser humano de seu habitat natural: o universo. Já não é mais possível pensar tão somente na vida e sobrevivência das pessoas. Todavia, a compreensão errônea dessa relação humanidade-meio ambiente tem provocado graves assimetrias: a principal delas é a exploração do homem pelo homem, que gera a exploração da natureza. Pode-se dizer que quando não se tem mais respeito pelo seu semelhante, não se tem mais respeito por tudo aquilo que compõe o seu ambiente natural.

No processo de construção da história, a natureza não se apresenta como obstáculo. Muito menos como um elemento que deve ser sacrificado por uma causa maior. Talvez, diante da crise que se nos apresenta, devêssemos superar o conceito do teocentrismo (próprio da Idade Média), do antropocentrismo (próprio da Modernidade) e pensarmos no conceito do biocentrismo. Mas que fique claro: não é a negação do humano e muito menos do divino. Mas sim o encontro divino-humano ao redor e em defesa da vida.

Diante da necessidade da construção de um planeta saudável se faz necessário reler a questão ecológica a partir da questão da sobrevivência. Fora desta perspectiva é possível que surja um espaço para a fabricação de abusos e manipulações; haveria o início da construção da idolatria do desenvolvimento. Mas devemos nos lembrar que a tríade humanidade - planeta saudável - libertação se complementam, vivem simbioticamente e estabelecem um relacionamento construtivo e não destrutivo. Sensibilidade e conviviabilidade se tornam palavras de ordem e não de desordem. É a ordem que emerge em meio ao caos.

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