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À luz da pandemia, a crise no mercado dos influenciadores e a ascensão da criatividade das "pessoas comuns"

Divulgação

  • 14/09/20
  • 20:00
  • Atualizado há 184 semanas

No estudo dos novos cenários socioculturais e de vanguarda é natural enxergar o impacto de grandes eventos no comportamento humano, sobretudo as respostas dadas pelas sociedades e pelo indivíduo aos contextos de medo e incertezas. Hoje, vivemos um momento ímpar e, ao mesmo tempo, propício para analisar o que será esse porvir. Gostaria de propor, para essa reflexão, um recorte específico sobre a produção de conteúdo e o papel da criatividade nesse contexto; examinar como ambos dialogam com o espírito do tempo.

Um ponto de partida para essa análise é o relatório The Future 100: 2020, conduzido pela JWT Intelligence, que ganhou uma edição complementar à luz da pandemia. Lançado originalmente em janeiro deste ano, o report - nessa versão revisitada, apresentada recentemente - aponta 25 tendências que foram aceleradas, amadurecidas, intensificadas ou que surgiram na esteira da Covid-19. Esse mapeamento é um importante norteador de mudanças das demandas e dos comportamentos emergentes do consumidor. Em um dos capítulos, o exame sobre o surgimento de linguagens autorais nas redes sociais me chamou a atenção. Ou seja, como resposta ao medo e às incertezas, emergem vozes que passam a ser o território de creators - não de influenciadores que se pautam em exibir somente o próprio lifestyle.

O relatório defende que, em uma conjuntura na qual a criatividade digital está em alta, uma das personasrepresentadas pelos supercriativos são os adolescentes - que estão mapeando um novo território de expressão digital e artística, utilizando um arsenal de plataformas criativas como Snapchat e TikTok. O que vemos é que com tantas pessoas confinadas em casa, novas estratégias de criação surgem como resposta ao momento; um movimento supercriativo que permeia gerações e que envolve diversos setores. A constatação é que a criatividade está florescendo na quarentena e no período de distanciamento social. Como evidência, a pesquisa apresenta o aumento de inscrições na Virtual Art Academy, que cresceram cinco vezes em março de 2020 em comparação com os 12 meses anteriores; o resultado foi apontado pelos gestores da escola como "um salto drástico na história de 13 anos da academia".



Uma outra evidência dessa movimentação está na iniciativa da Apple: em abril, a empresa lançou um anúncio, mostrando que a "criatividade continua apesar dos bloqueios". O que representa esse tipo de movimentação? Que artistas e marcas são peças fundamentais para uma espécie de resistência; eles fazem um convite para que as pessoas criem e ingressem em comunidades artísticas. No mesmo mês, a grife Gucci convidou criativos como Elton John, Dakota Fanning e Jane Fonda para publicar conteúdo original nos canais da marca como um esforço para estimular a criatividade. Em outra iniciativa, a Dazed lançou a #AloneTogether - uma comunidade criativa em tempos de crise. E cabe ressaltar o papel da tecnologia que mantém as pessoas conectadas sem expô-las a riscos; na prática, os dispositivos são verdadeiras saídas criativas. Não é difícil perceber o quanto isso impacta as relações de consumo no planeta.

Um ponto importante trazido pelo The Future 100 é o surgimento de um movimento migratório geracional. Ou seja, a criatividade não é uma habilidade exclusiva da Geração Z ou da alta renda; o relatório aposta para uma popularização da criatividade com uma distribuição etária e, também, social. "A pandemia diferencia o influenciador do criador; entre os que criam pautas relevantes e os que ficam sem assunto", afirma Yheuriet KaliL, CEO da agência Moisaco, um dos participantes do painel Novos papéis dos influenciadores digitais, que integra o CriAtivar - 1º Festival Internacional Santista de Criatividade, Inovação e Sociedade. Há uma ressignificação do glamour, diante de um momento tão extremo como esse contexto de pandemia.

No CriAtivar, o painel Novos papéis dos influenciadores digitais - que acontece em 24 de setembro, 20h30, com transmissão pelo Facebook - vai abordar que, em um cenário anterior, para o creator (influenciador de conteúdo) ter números volumosos para mostrar aos potenciais clientes era o suficiente para dimensionar o potencial de um post, anúncio ou publipost produzido por ele. Com a pandemia, o lifestyle aspiracional (viagens luxuosas, objetos caríssimos, espaços vips em festivais, roupas ou acessórios inacessíveis) passou a não fazer mais tanto sentido. A crescente preocupação com a sobrevivência a um vírus pouco conhecido, as incertezas econômicas, a crise sanitária, as mortes e a doença fizeram com que as pessoas conclamassem o momento com sendo o fim da "Era da Influência" como a conhecemos. Com mediação do publicitário Mateus Ramos, e participação de Edu K (músico e produtor musical) e a black influencer Victoria Nicolau (modelo e DJ), o bate-papo pretende lançar novos olhares para a tendência por meio do diálogo de pessoas que são potências criativas.

Divulgação - Mariana Nobre, gestora do Atelier do Futuro
Mariana Nobre, gestora do Atelier do Futuro

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