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Dermatite atópica: saiba em quais raças de cães a doença alérgica é mais comum

Animais sem raça definida raramente manifestam a síndrome, segundo a veterinária Juliana Caltabellotta Gomes Morad, de Sorocaba (SP).

Meu amigo Pet

  • 07/02/21
  • 13:00
  • Atualizado há 163 semanas

Na maioria das vezes, a coceira em animais de estimação não é um fator que causa preocupação nos donos. Porém, se isso acontecer de forma intensa e contínua, os tutores devem ficar em alerta: este sintoma pode indicar que o pet tem dermatite atópica.

Segundo a veterinária especialista em dermatologia Juliana Caltabellotta Gomes Morad, de Sorocaba (SP), a dermatite atópica é uma síndrome diferente das outras doenças alérgicas e não tem cura. É uma doença muito complexa, que faz com que os animais fiquem sensíveis ao ambiente e/ou aos alimentos, muito semelhante à dermatite atópica de humanos.

Ainda de acordo com Juliana, apesar de ser uma doença hereditária, os primeiros sintomas costumam aparecer quando o cão completa em torno de um ano de idade. Mas esse cenário tem mudado nos últimos tempos: animais cada vez mais jovens estão manifestando sintomas sérios da doença.

Foi justamente após os seis meses de idade que Bonnie, cadelinha de Ricardo Limoli, morador de Sorocaba, começou a apresentar os sinais da doença.

"Quando criança, ela começou a se coçar muito e depois apareceram umas bolas na pele dela. Começamos a investigar, passei por vários veterinários aqui em Sorocaba, tentei até fazer terapia com floral e nada resolvia. Achei que fosse alergia alimentar e um dia o veterinário falou que era alergia atópica", comenta Limoli.

A demora em conseguir um diagnóstico preciso fez com que Ricardo tivesse prejuízos financeiros. "Eu estou há sete anos nesta luta com ela e agora parece que veio um remédio da Europa que foi feito para essa alergia dela, que é muito caro. Eu gastei muito dinheiro com isso, como se fosse um filho. Era uma luta que não terminava nunca", desabafa o tutor.

A doutora explica que, por se tratar de uma doença genética, algumas raças são mais pré-dispostas a apresentar dermatite atópica. Dentre elas estão shih-tzu, lhasa apso, bulldog francês, pug e yorkshire. É raro a doença se manifestar em cães sem raça definida.

G1 - Ricardo Limoli, morador de Sorocaba, trata a dermatite atópica da cachorrinha Bonnie desde que ela era filhote
Ricardo Limoli, morador de Sorocaba, trata a dermatite atópica da cachorrinha Bonnie desde que ela era filhote

A especialista ainda esclarece que, como a doença depende da interação com o ambiente para se manifestar, mesmo que alguns animais nasçam com a dermatite atópica, nem todos vão externar seus sintomas.

"O cachorro que normalmente vive em sítio, chácara ou fazenda dificilmente vai ter dermatite atópica por mais que ele tenha genética, porque o organismo dele já foi desafiado desde muito cedo. Agora, aquele cachorro que vive dentro do apartamento com tudo muito limpo e impecável, ele tem muito mais chance de manifestar, porque o sistema imune dele sempre foi muito preservado, da mesma forma que uma criança que vive de pé descalço tem muito menos chances de desenvolver uma doença alérgica do que aquela que cresceu fechada em um apartamento", explica Juliana.

Juliana também comenta que nos gatos a doença não é chamada de dermatite atópica. Ela recebe o nome de atopic-like por ter uma patogenia e sintomas se manifestando de formas diferentes. Alguns gatos podem ter coceira e úlcera na cabeça, outros podem manifestar feridas na pele, e ainda outros coceira na boca ou placas pelo corpo e também queda de pelos.

Sintomas

Os principais sintomas nos animais com dermatite atópica são coceira e lambedura de patas, segundo a especialista. Após isso, os sinais vão evoluindo e o animal pode ter infecções por bactéria, por levedura e pela malassezia.

Outro sintoma comum apontado pela especialista é a dor de ouvido (otite), assim como vermelhidão no corpo, principalmente nas axilas, no abdômen, ao redor dos olhos e da boca.

Também há chance de que a doença evolua e cause queda de pelo nessas regiões pelo fato do animal arrancar os pelos de tanto se coçar.

G1 - Veterinária especialista em dermatologia, Juliana Caltabellotta Gomes Morad, explica quais são os principais sintomas dos animais com dermatite atópica
Veterinária especialista em dermatologia, Juliana Caltabellotta Gomes Morad, explica quais são os principais sintomas dos animais com dermatite atópica

Diagnóstico

Juliana explica que o diagnóstico para dermatite atópica precisa, primeiramente, excluir todas as outras doenças alérgicas. Não existe um exame específico que possa ser realizado. Até mesmo uma dieta hipoalergênica é realizada por dois meses antes do diagnóstico para dermatite atópica ser concluído.

Tratamento

Segundo a veterinária, o tratamento varia para cada animal. O processo deve levar em conta que ele pode reagir aos alérgenos do ambiente, pó, pólen e ácaro, e visar diminuir essa reação exacerbada que está causando inflamação na pele.

Além do tradicional corticoide, a doutora conta que hoje em dia existem outros recursos com menos efeitos colaterais para o tratamento da dermatite atópica.

"Temos que controlar as bactérias e leveduras que têm na pele de um animal atópico, mais do que de um animal saudável, e tratar as infecções e evitar que elas voltem. A pele desses animais é mais seca, ela tem uma perda maior de água, então a gente tem que hidratar muito e repor esses lipídios, por tópico ou via oral, melhorando a alimentação."

"Cada animal é único e cada um vai responder de uma maneira diferente ao tratamento. Cada tutor também tem uma condição diferente de tratar esse animal, seja financeiramente, por tempo, porte do animal, pelagem. É uma série de coisas que a gente precisa colocar na balança na hora de instituir um tratamento", explica Juliana.

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