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"O médico precisa lutar pela vida do paciente, como se fosse a sua própria vida", esse é o sentimento do médico Herval Netto

Ele decidiu ser médico após receber tratamento diferenciado de um profissional quando adoeceu ainda jovem

Redação AssisCity

  • 09/04/21
  • 09:00
  • Atualizado há 158 semanas

Hoje o Portal AssisCity em parceria com a Santa Casa de Assis apresenta mais um herói da pandemia da instituição, representando seus profissionais da saúde, do Brasil e de todo o mundo, que estão na linha de frente no combate à COVID-19. São eles que arriscam suas vidas, afastam-se de seus familiares, fazem horas e horas de plantões e vibram quando salvam vidas.

"Aquela pessoa que está ali no leito tem uma história, tem uma família que o ama e que aguarda sua recuperação". Esse é o sentimento do médico Herval Pozzetti Dias Netto, de 35 anos, nascido em Rancharia e morador de Presidente Prudente, que desde criança sempre gostou da área da saúde.

Mas, seu maior desejo de ser médico, a decisão mesmo, surgiu de uma empatia, aquele sentimento e sintonia espiritual, quando ele, jovem ainda, adoeceu e foi atendido por um médico, com perfil daqueles médicos de antigamente, médico de família. "Ele me examinou clínica e fisicamente com tanto cuidado e compromisso, que aquilo me chamou a atenção e me marcou, pois até então, nas outras consultas que eu me lembro, ninguém havia me examinado daquela forma", conta o médico emocionado lembrando o dia do sopro em sua alma.

E isso na época chamou tanto a atenção de Herval que ele tomou uma decisão: "como ele me tratou me fez querer ser médico, como aquele profissional que havia me examinado. Acho que isso me inspirou, porque a partir daquele episódio eu comecei a pensar mais seriamente em cursar a medicina e acredito também que já tinha aptidão".

O jovem médico, solteiro, que atua em UTI na Santa Casa de Assis e de Paraguaçu Paulista, na enfermaria de Clínica Médica e COVID do Hospital de Rancharia e no SAMU, parece não estar satisfeito somente com os cuidados diretos com os pacientes. Ele quer mais. Quer ensinar a profissão, que para ele "não é só aquele que cuida da doença, mas alguém que se dedica ao próximo e que deve estabelecer uma relação de confiança com o paciente, olhando e compreendendo o indivíduo além da sua patologia". Esse é o modelo de medicina que Dr. Herval procura passar para seus alunos do curso de Medicina da FEMA.

Divulgação -
"Aquela pessoa que está ali no leito tem uma história, tem uma família que o ama e que aguarda sua recuperação".

Já se viu, até aqui, que a premissa maior do médico é ir além da doença física. É o cuidado. O carinho. A atenção e o desprendimento material. A defesa da vida. Colocar-se no lugar do paciente. "No exercício da profissão, o médico precisa lutar pela vida do paciente, como se fosse a sua própria vida ou de algum familiar querido. Costumo comentar que cuido dos meus pacientes como se fossem meus familiares, com a mesma dedicação, fazendo o melhor por todos eles", conta Dr. Herval, que nesse momento de pandemia vê sua responsabilidade aumentada pelo sofrimento de acometidos pela doença e de seus familiares.

"Atuar nesse momento representa uma responsabilidade muito grande, já que estamos diante de um problema de saúde pública alarmante. Esse momento de adversidade pelo qual estamos passando é um grande desafio, em especial para nós da área da saúde, que temos como propósito salvar vidas, amenizar a dor das pessoas e ajudar o próximo", pensa o médico, que considera o maior desafio nesse momento suportar a pressão interior de salvar vidas.

"O maior desafio nesse momento é sobreviver à pressão que impomos a nós mesmos, enquanto médicos, na luta pela vida do paciente. Uma pressão espontânea que temos ao tratar o paciente, diante da nossa responsabilidade. O médico precisa lutar pela vida do paciente, como se fosse a sua própria vida", esse é o sentimento do médico Herval Netto.

Para ele há outro desafio ainda, que também está relacionado ao cenário atual da pandemia, já vivenciado no mundo todo, que é a falta de vagas em hospitais: "Atuo na área COVID-19 em diversos hospitais e todos estão lotados. Vivenciar e trabalhar com essa realidade, com pacientes aguardando em filas de espera, lutando por uma vaga na UTI, lutando pela vida, é muito difícil. Jamais imaginei passar por isso, por essa pandemia".

O médico que preza pela vida e pelo atendimento diferenciado, diz que ver tantas mortes tem sido muito difícil, e quando uma vida é salva, aí é vitória: "Bem complicado vivenciar isso. Nosso objetivo é sempre recuperar, curar o paciente. Quando salvamos uma vida, o sentimento é de gratidão e missão cumprida, no sentido de eu fiz, eu consegui vencer. Uma vitória! Uma vida!".

Dr. Herval, além de falar de como é perder uma vida ou ganhar uma vida para a COVID-19, faz questão de falar do esforço de uma equipe toda e de seu estado emocional. "É senso comum entre todos que atuam na saúde, em especial aqueles que atuam nas áreas COVID, que todos estamos exaustos, fisicamente e emocionalmente, principalmente por vermos tanto sofrimento, tantas mortes e também pelas altas jornadas de trabalho, como eu, por exemplo, e outros colegas, que já se tornaram comum sair de casa na segunda-feira e só voltar no sábado à noite", revela o médico, que já nem sabe quantas horas exatamente permaneceu dentro de um hospital nessa pandemia.

Para Dr. Herval, que gosta de abraçar, beijar, tocar, a pandemia prejudicou muito seu convívio familiar, que segundo ele mesmo está muito difícil, porque sempre sente medo e insegurança sabendo que pode estar contaminado e assintomático e transmitir a doença para um familiar.

"Esse momento tem sido muito difícil pra mim e acabei optando por evitar o contato com meus familiares, principalmente meus avós. Com meus pais ainda tenho contato, mas mudou muito o nosso convívio familiar. Desde o início da pandemia não sabemos o que é dar um abraço e eu sou uma pessoa de muito contato, chegar e dar um abraço. Tenho o costume de chegar e já beijar. Eu beijo meus tios, eles me beijam, somos uma família muito amorosa e carinhosa e, desde o início da pandemia, nas poucas oportunidades em que vou visitá-los, eu mantenho o distanciamento, uso máscara, evito ao máximo tirar a máscara. Esse contato físico tem feito muita falta, o beijar abraçar, ter contato de carinho com quem amo", conta o médico que garante voltar aos braços da família assim que tudo isso passar.

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