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Mais uma tragédia anunciada?

COLUNISTA - Professor Thiago Hernandes

Prof. Me. Thiago Hernandes

  • 01/06/21
  • 08:00
  • Atualizado há 150 semanas

No último dia 31 de maio de 2021, em pleno auge da pandemia do Coronavírus no Brasil, data que o país registra mais de 460 mil mortos na mais letal crise sanitária brasileira já vivida, somos surpreendidos com a possibilidade do Brasil sediar a Copa América 2021.

Inicialmente planejada para ser realizada em conjunto entre Argentina e Colômbia, estes países declinaram de forma responsável de sediar o referido evento em razão do agravamento da pandemia em seus territórios nacionais.

Ante cenário de incertezas sobre o local que a CONMEBOL busca realizar o evento, o atual presidente do Brasil, senhor Jair Messias Bolsonaro, surpreende a população ao colocar o país à disposição para sediar a competição.

Mesmo sabendo que os jogos ocorrerão sem a presença de torcida, faz-se necessário considerar o fato de que, a exemplo de outras experiências, muito provavelmente ocorrerão aglomerações em dias de jogos, sobretudo em dias que a seleção brasileira jogar.

Além disso, há de ser considerado, como fator preocupante, a presença de pessoas de diferentes países - atletas, médicos, jornalistas, autoridades e afins - adentrando o território brasileiro num momento que o mundo registra com regularidade o surgimento de novas variantes do letal vírus.

Incrédulo e desconfortável frente a medida presidencial, pergunto:

Será que não faltou respeito com as pessoas que diariamente adoecem e perdem a vida e seus entes para a doença?

Será que não há outras prioridades para os gastos e ações públicas neste momento?

Aos empresários que apoiam tal evento, será que vale a pena terem suas marcas associadas num momento trágico como este?

Não é melhor gastar recursos, tempo e energia em compras de vacinas, bem como melhorias em infraestrutura hospitalar e ações preventiva e de fiscalização?

Minha indignação preciso registrar. Mais uma vez nossos gestores nos decepcionam!

Em plena "Guerra Biológica" fazer festa?

A questão em jogo nada tem a ver com partido ou patriotismo, mas sim com responsabilidade, coerência, seriedade, respeito e sensatez.

A morte que outrora se apresentava nos gélidos e distantes números, cada vez mais se ganha nomes e rostos, nos cercando de forma impiedosa, ceifando vidas, famílias, sonhos.

Assim sendo, enquanto acadêmico, cidadão brasileiro e sobretudo, ser humano exposto diariamente aos perigos que esta crise traz, exercer meu direito democrático de repúdio a tal postura e clamar que as pessoas e os demais poderes constituídos e representativos hajam com maturidade, responsabilidade, equilíbrio, para que os números, e por consequência a realidade, não venha a ser pior do que já está sendo projetada para os meses futuros.

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