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Será que meu filho está viciado na internet?

Segundo estudo publicado, dependência da internet afeta cerca de 6% da população global

Bem-Estar

  • 15/10/18
  • 19:00
  • Atualizado há 284 semanas

Em mundo globalizado e cada vez mais conectado, é quase impossível proibir crianças e adolescentes de usarem a tecnologia. Porém, se seu filho (a) fica excessivamente preocupado com o sinal do wi-fi quando sai de casa, sente necessidade cada vez maior de ficar conectado, anda muito irritado (a) ou depressivo (a), apresenta ataques de ansiedade quando não pode usar o celular, passa mais tempo online do que em passeios ou com os amigos e mente sobre o tempo gasto com a internet, atenção!

Estes podem ser indícios de que a dependência da internet está se instalando. Segundo um estudo publicado no Cyberpsychology, Behavior and Social Networking, que avaliou 89 mil pessoas em 31 países, a dependência da internet afeta cerca de 6% da população global.

Para a neuropsicóloga Thaís Quaranta, os pais realmente precisam prestar mais atenção na questão do uso da tecnologia pelos filhos. "As crianças e adolescentes costumam adotar os padrões de comportamentos da família, ou seja, dos pais. Assim, se os pais usam demasiadamente o celular, a internet, as mídias sociais ou até mesmo o vídeo game, estão contribuindo para que a criança ou o adolescente siga este mesmo padrão", comenta.



E por falar nos pais, um estudo divulgado este ano, avaliou a associação entre o vício de adolescentes na internet com o relacionamento parental. Os resultados mostraram que a pouca disponibilidade materna é um preditor da dependência. "Este é um achado muito importante, pois corrobora com a percepção que temos das dinâmicas familiares atuais. Pais cada vez mais ocupados e menos presentes. Os eletrônicos, em muitos casos, acabam sendo usados para preencher esse espaço, essa ausência parental", reflete Thaís.

Um cérebro vulnerável

O grande problema, de acordo com a neuropsicóloga, é que um cérebro em formação, como é o caso das crianças e dos adolescentes, é mais vulnerável à dependência. "Há inúmeros efeitos negativos bem documentados pela literatura. Depressão, isolamento social, ansiedade, distúrbios do sono, déficit de atenção e queda do desempenho escolar. Todas essas condições podem ser causadas quando o uso da tecnologia ultrapassa os limites", explica Thaís.

Outro ponto levantado pela neuropsicóloga é que houve uma mudança importante relacionada a inversão da hierarquia geracional. "Hoje, as crianças e adolescentes já nascem em um mundo altamente tecnológico. É muito comum que ensinem os pais a usarem o celular, o computador e outros dispositivos. Esse conhecimento digital pode criar um ambiente familiar menos equilibrado, dificultando que os pais delimitem o uso da tecnologia, pois perdem a autoridade", diz.

Pais precisam se empoderar

O mais importante é que os pais, em um primeiro momento, avaliem o próprio comportamento em relação ao uso da tecnologia. Não é possível exigir da criança ou do adolescente um modelo diferente daquele que existe.

"sso quer dizer que se os pais usam o celular na hora das refeições em família, por exemplo, e dedicam mais tempo para a tecnologia do que para os próprios filhos, a mudança precisa começar por eles. Depois, é fundamental retomar a autoridade e impor limites. Crianças e adolescentes precisam disso", ressalta Thaís.

Veja algumas dicas da neuropsicóloga para ajudar os pais na educação digital, evitando que a tecnologia se torne um problema. Confira:

Dose certa: Proibir o uso não irá funcionar. Assim, é preciso definir o tempo que poderá ser dedicado ao vídeo game, mídias sociais, internet, etc. Os pais podem e devem controlar o conteúdo acessado. Hoje em dia é possível colocar senhas e usar aplicativos para bloquear conteúdos inapropriados para menores de idade. Lembrando que para crianças menores de 2 anos, o uso de qualquer tipo de dispositivo é contraindicado, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria.

Atenção aos comportamentos: Ninguém melhor que os pais para conhecerem os seus filhos. Portanto, mudanças nos comportamentos, queda do desempenho escolar, perda ou ganho de peso, alterações no sono, irritabilidade e ansiedade devem ser investigados, pois podem ter relação com o uso abusivo da tecnologia.

Presença e disponibilidade: Crianças e adolescentes precisam de pais presentes e disponíveis. Não adianta a mãe ou pai sentar para brincar com a criança com o celular na mão. É preciso dedicar um tempo de qualidade e isso implica em estar disponível por completo, inclusive sem o celular por perto ou a TV ligada.

Locais estratégicos: Uma dica importante é não instalar computadores no quarto das crianças e adolescentes e, se possível, nem televisores. Claro que temos os dispositivos móveis, como celulares e tablets, que também devem ter o uso supervisionado pelos pais.

"A tecnologia, a internet e as mídias sociais fazem parte do mundo atual e do contexto social em que vivemos. O mais importante é fazer um bom uso e estar consciente de que os pais são responsáveis por limitar e supervisionar o uso, assim como são os modelos de comportamento para os filhos. Além claro de prestar atenção aos sinais que possam indicar um atitude de dependência destes dispositivos", finaliza Thaís.

Dispositivos móveis, como celulares e tablets, também devem ter o uso supervisionado pelos pais

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