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Recordações de um grande amor...

COLUNISTA - Carlos R. Ticiano

COLUNISTA - Carlos R. Ticiano

  • 12/06/19
  • 18:00
  • Atualizado há 250 semanas

Já faz algum tempo, mas eu me lembro de tudo, como se fosse hoje. A começar pelo convite da empresa para fazer um curso nas férias escolares. Da sua chegada na sala de aula, da sua opção em sentar-se à minha frente, da sua voz, do seu jeitinho, do seu perfume, do seu carisma, do deu charme e do pressentimento de que poderia surgir um grande amor naquela

noite de segunda-feira, dia 12 de Julho de 1976.

A semana voou, não sei contar muita coisa sobre o curso, mas sei dizer muita coisa sobre aquele encontro mágico e inesquecível. Do interesse mútuo em demonstrar através da paquera, do olhar e do sorriso uma discreta admiração. Daquela inexplicável fascinação que surgiu entre nós. Do professor Julinho, que brincava dizendo: Não se esqueçam de convidar-me para o casamento.

O curso chegou ao fim na sexta-feira. Na despedida, trocamos olhares na incerteza de que um dia pudéssemos nos ver novamente. Considerando o fato de que você morava em outra cidade e ficava na casa de Dona Clarice apenas durante a semana, para poder trabalhar e cursar a faculdade de Serviço Social.



O fim de semana, como era de se esperar, foi de recordações e de um desejo enorme de estar

junto de você. Mas como reencontrá-la e dizer que estava apaixonado. Não tive dúvidas, na segunda-feira, no intervalo do almoço a caminho de casa, passei por uma floricultura e mandei-lhe rosas com um cartãozinho dizendo: "Hoje faz uma semana que conheci a garota mais bacana do mundo"...

À noite fui vê-la, para saber das novidades, como quem sonda as possibilidades de um final feliz. Já ficando tarde, de saída no portão, não resiste e lhe beijei. Um olhar mais demorado, um abraço apertado e a certeza de sermos namorados. Aquele medo tolo de perdê-la desapareceu como que por encanto, surgindo em seu lugar, um mundo de sonhos. Que passamos a desfrutar com entusiasmo e alegria.

Como em um flashback, recordo-me dos telefonemas diários. Do interesse recíproco em saber

se estava tudo bem. Dos finais de semana em que você ficava ou eu viajava com você. Dos passeios nas tardes de domingo. Da Lanchonete Marie Jolie e seu milk-shake preferido de chocolate. Do Cine Peduti e seus filmes inesquecíveis. Do namoro no portão, dos beijos e dos planos de uma vida a dois. Da música Tu T'en Vas (Alain Barriére & Noelle Cordier), que dizia em seu refrão: Não posso acreditar que estás indo embora. Dos bilhetinhos que escrevíamos um para o outro: Eu tanto posso ir, como ficar; eu sei tanto amar, como odiar; eu tanto sei sorrir, como chorar. Não brinque com a paixão! Que eu sou capaz de lhe mandar embora, de lhe deixar agora e morrer de amor...

Mas como nada é eterno, se não fizermos por querer, começaram a surgir os primeiros sintomas de separação. E a primeira lágrima por um amor que se caminhava para o seu final, acabou rolando em seu rosto. Tentamos dialogar e demonstrar o quanto um era importante para o outro. Que em um relacionamento a dois, é preciso respeitar os sentimentos e opiniões do outro.

Mas nada adiantou. Numa dessas noites frias, sem luar e sem estrelas você me disse adeus e

se foi. Sem saber o que dizer, aceitei a sua decisão e acabei por perder para sempre o seu sorriso, seus abraços, seus beijos e seus carinhos... Em seu lugar, ficou a lembrança dos lugares por onde passamos, e que acabaram se transformando em saudades.

Desde então, o sol já não tem o mesmo brilho, as flores já não embelezam mais o jardim, a lua

já não deixa as noites mais românticas, as músicas já não transmitem a mesma emoção e tudo

parece sem graça. Mesmo sabendo que o nosso amor passou e que nunca mais ira voltar, eu

me contento em apenas recordar. Não sei por onde você anda, se está sozinha, com alguém,

feliz ou quem sabe, como eu, a espera de um reencontro...

Por isso, vou sempre me lembrar de você. Especialmente neste dia dedicado aos namorados.

Afinal, a vida é uma arte de encontros, embora haja tantos desencontros pela vida...

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