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Quando os rastros definem o futuro

COLUNISTA - Isabella Nucci

Isabella Nucci

  • 16/10/19
  • 17:00
  • Atualizado há 235 semanas

Achei a Cleo Pires muito mais linda agora que parece estar no peso ideal. Ela teve distúrbios alimentares por cobrarem demais de sua aparência e, em seguida, entrou na depressão. Mas o pior é ver um bando de retardados e retardadas a criticando com ódio em sua rede social. Francamente: não consigo assimilar como o indivíduo entra na internet só para demonstrar o próprio caráter derrotista.

Sim, é uma total derrota você xingar uma pessoa que não anda bem. É reflexo do tanto que a nossa cultura é rica em senso-comum - chega ao ponto de estipular um padrão de estética alusivo ao corpo perfeito - ignorando o talento, a grandeza de se amar com todos os defeitos e a nobreza de enaltecer as demais pessoas cujos perfis não se enquadram nos moldes sem cabimento de beleza. Repito: não consigo assimilar tal gigantesca ignorância do povo doentio e da mídia opressora.

Vamos refletir juntos... A geração atual, desde as crianças até os mais velhos, passa por transtornos mentais todos os dias em consequência do mundo ter se tornado uma redoma acumuladora de uma excessiva bagagem. Não me refiro somente ao acúmulo de conhecimento. Pois além das informações em geral, existe muita cobrança, muitos esteriótipos e pré-julgamento em demasia. Em resumo, temos de aceitar quem somos, respeitar nossas limitações, mas, em primeiro lugar, temos que reconhecer o próximo com todo seu valor e potencial, independente de fulana ou fulano ser bastante magra(o) ou estar acima do peso.

Enfim, não critiquemos uns aos outros pelas características físicas porque uma hora todo mundo irá mudar, exceto quem já mudou. Ou seja, vamos envelhecer, podemos (que Deus nos livre) ficar doentes, perder pessoas queridas, encarar o desemprego e por aí segue a lista de algumas inevitáveis consequências da vida. Que tal fizermos uma corrente positiva e, quando nos depararmos com alguém deprimido, ao invés de cobrarmos a melhora da pessoa ou xingá-la, não custa nada a gente dar à ela um reforço, certo amparo e nossas mãos estendidas. Não é?

Claro que somos livres para dizer e fazer o que bem quisermos. Porém, você, querendo ou não, vai precisar de muita ajuda n'algum dia. Eu também necessitarei de apoio em muitas horas. Portanto, que a beleza deixe de ser refletida no parâmetro do visual e se transforme em boas atitudes, num caráter otimista e, sobretudo, numa avalanche de lágrimas felizes. Eis que neste mundo tudo fenece, degenera, definha e tem um fim definitivo. Então, que pelo menos façamos desse fim um belo conto que inspire as futuras vidas. Que nossas pegadas, embora invisíveis, deixem rastros de lealdade, benevolência e ímpeto de maturidade.

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