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Quando as crianças deixam de acreditar em Papai Noel?

Estudo também aponta como os pais devem debater o assunto com os filhos

Bem-Estar

  • 02/12/19
  • 11:00
  • Atualizado há 229 semanas

O Papai Noel é uma das figuras mais emblemáticas da nossa cultura, especialmente a ocidental. Segundo as histórias que ouvimos desde pequeninos, o bom velhinho, com suas botas pesadas e gorro vermelho, se prepara ao longo de todo o ano para entregar os presentes durante o Natal. Mas apenas para as crianças que merecerem!

Estudiosos da Psicologia e da Saúde Mental têm debatido esse assunto e lançam o debate: afinal, os pais devem mentir a seus filhos sobre o Papai Noel?

De acordo com a especialista Kathy McKay e o psicólogo Christopher Boyle, em entrevista à revista The Lancet Psychiatry, alguns pontos envolvendo a história do bom velhinho devem ser questionados.

Divulgação

Um dos pontos é que descobrir essa mentira pode minar a confiança entre pais e filhos.

"A moralidade de fazer com que as crianças acreditem nesses mitos deve ser questionada. Se os adultos mentem sobre Papai Noel, mesmo que seja de forma bem-intencionada, o que mais é mentira? Se Papai Noel não é real, as fadas são reais? A mágica é real? Deus existe?", dizem os autores.

A magia do Natal

Para além da ideia de ser apenas uma mentira, a figura do Papai Noel também está relacionada com os seres sobrenaturais. Mas em que momento as próprias crianças começam a perceber que o bom velhinho pode ser alguém muito mais próximo do que aquele que mora no Polo Norte?

A pesquisa de Boyle teve início em 2016 e ainda não foi concluída, mas segundo dados preliminares divulgados pelo site MSN, a idade média em que as crianças param de acreditar em Papai Noel é de 8 anos.

A pesquisa não incluiu nenhuma criança brasileira, mas na Escócia a média seria de 8 anos e meio, enquanto nos Estados Unidos seria de 7 anos.

Segundo depoimentos enviados ao psicólogo, é nessa etapa que as crianças começam a prestar mais atenção às conversas dos pais e perceberem situações como encontrar presentes no quarto deles ou até mesmo comparar a caligrafia deles com as cartinhas do Papai Noel.

Cada processo é individual

Não dá para saber como a descoberta da farsa do Papai Noel vai repercutir em cada criança, que depois se tornará um adulto e provavelmente irá seguir contando a história do bom velhinho.

Os dados prévios apontam que 56% dos entrevistados disseram não terem sido afetados na relação de confiança com os adultos, enquanto 33% ficaram chateados. 15% afirmaram terem sentido uma traição e 10% sentiram raiva.

Já adultos, 70% dos entrevistados disseram que incentivam a história e apenas 30% optam por contarem a verdade.

Ceticismo saudável

De acordo com o biólogo evolutivo Richard Dawkins, esclarecer essa farsa natalina pode ajudar as crianças a entenderem que nem sempre as histórias que os adultos contam são verdadeiras. Dessa forma, o Papai Noel ajudaria o processo dos pequenos desenvolverem um ceticismo saudável.

Para a psiquiatra Tuula Tamminen, da Finlândia, o bom velhinho e os contos de fadas podem representar um processo de amadurecimento, de a criança aprender a superar o sentimento de decepção e se orgulhar de saber mais que as crianças menores, por exemplo.

E os adultos também podem se beneficiar com essa mentira, mesmo que não saibam de forma consciente.

"Pode ser que a dureza da vida real demande criar algo melhor, algo em que acreditar, algo no que ter esperança ou que sirva para retornar a uma infância perdida há muito tempo", finalizam os pesquisadores Kathy McKay e Christopher Boyle.

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