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Kiss: 'Não podemos ter fogos', diz promotora sobre lugares fechados

Segundo Lúcia Helena Callegari, tragédia na boate de Santa Maria (RS), com 242 mortos e mais de 600 feridos, poderia ter sido evitado

R7

  • 04/12/21
  • 15:00
  • Atualizado há 120 semanas

A promotora do Ministério Público, Lúcia Helena Callegari, afirmou, neste sábado (4), durante o julgamento dos réus acusados de serem os responsáveis pelo incêndio na boate Kiss, que artefatos pirotécnicos não podem ser utilizados em eventos. "Não podemos ter fogos em estabelecimentos fechados", disse ela aos jornalistas no intervalo do tribunal do júri.

A promotora fez a afirmação após a testemunha Alexandre Marques ter dito que não houve mudanças no uso desses objetos após a tragédia que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos na madrugada do dia 27 de janeiro.

Lúcia Helena Callegari disse que a testemunha passa a mensagem errada nove anos após a tragédia. "Estava trazendo provas e elementos que estavam perturbando e incomodando porque eu estava mostrando um contraponto bem importante ao que foi trazido pela defesa: a questão de que os fogos, mesmo aqueles teoricamente de uso interno, teriam problemas", disse.

Ela complementa: "Deixei muito claro que a testemunha que o acusado Elissandro trouxe acredita que deve se continuar a utilizar fogos. Tudo que estamos tentando fazer aqui ele não acredita. Nove anos depois, ele não acredita que essa tragédia poderia ter sido evitada. Fico muito triste que a testemunha não acredite. Nós não podemos ter fogos em estabelecimentos fechados."

Lúcia criticou o depoimento do produtor de eventos, que reforçou durante a manhã deste sábado que artefatos explosivos continuam sendo utilizados em festas, casamentos e aniversários. "Quis trazer a imagem de que não podemos permitir que isso aconteça. Para que as coisas nunca mais se repitam", afirmou a promotora.

"Todos os depoimentos estão sendo importantes, mesmo as testemunhas da defesa. Eles vêm aqui para trazer as ideias equivocadas para o mundo. Os jurados não vão dar qualidade para uma testemunha dessas", conclui.

Depoimento

Segundo o empresário Alexandre Marques, indicado pela defesa do réu Elissandro Spohr, antes da tragédia em Santa Maria (RS), que matou 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos, não havia um controle de pessoas em estabelecimentos comerciais.

"Na verdade, todas as casas correram solicitando a visitação dos Bombeiros. É que nem hoje na pandemia, tu chega e tem uma plaquinha da máscara. Tu chegava tinha o limite de limite X e tal", revela.

O produtor reforçou, durante todos os depoimentos, que é comum o uso de objetos como chuva de prata, Sputniks e "tudo que deixasse o show mais bonito".

Marques trabalhava com a produção de eventos e a comercialização de shows em casas noturnas. O depoimento foi o primeiro deste sábado (4) no Foro Central de Porto Alegre. Também deve ser ouvida a vítima arrolada pela Assistência de Acusação, Maike Ariel dos Santos.

O produtor contou que, embora tenha parado de frequentar casas noturnas, de forma geral, elas continuam a funcionar sem segurança.

Júri

O julgamento começou na quarta-feira (1º) e não têm uma data definida para terminar. Os depoimentos têm durado entre duas e cinco horas. Em função disso, o Ministério Público propôs que que cada parte reduzisse o número de testemunhas e vítimas. A proposta foi apresentada no plenário e aceita pelo juiz Orlando Faccini Neto.

Ele é considerado o maior tribunal do júri da história do Rio Grande do Sul e um dos mais importantes do país. Quatro réus são julgados pela morte de 242 pessoas e pela tentativa de homicídio de outras 636 que ficaram feridas no incêndio. Dois deles são ex-sócios da boate, e os outros dois, músicos da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no local e pôs fogo no teto.

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