A deturpação das atividades parlamentares e os reflexos negativos à sociedade
O interesse privado dos parlamentares, acuados pela possibilidade iminente de serem alcançados pela Operação Lava Jato, mais uma vez prevalece em detrimento da vontade popular de combate à corrupção.
As palavras do próprio Relator do Projeto na Câmara dos Deputado falam por si só: Dizimaram as 10 medidas anti-corrupção para reduzí-las à meia medida.
As leis produzidas pelos representantes eleitos pelo povo há tempo divorciaram-se da vontade soberana da sociedade. Nem mesmo um projeto de iniciativa popular, como fora o alusivo às 10 medidas anti-corrupção, consegue êxito no desiderato de fazer valer a verdadeira pretensão de uma sociedade cansada de tanta bandalheira com o dinheiro público.
Se não bastasse a desconfiguração do Projeto de Lei de iniciativa popular, num exercício emblemático do desvirtuamento da atividade legiferante através da manipulação discursiva fitada unicamente ao controle total das fontes jurídicas, ainda aprovaram à sorrelfa a responsabilização de Juízes e integrantes do Ministério Público por, pasmem, exercerem suas funções com liberdade e independência constitucionalmente garantidos. São os ladrões do dinheiro do povo tentando transformar em réus aqueles que vão investigá-los e julgá-los por tais crimes, passando à sociedade a falsa impressão de que não existem atos normativos para evitar abusos no exercício da judicatura ou da promotoria. Por sorte, a palavra final estará com o Supremo Tribunal Federal, a quem competirá colocar um basta definitivo nessa vã tentativa de enfraquecimento do Judiciário.
A quem interessa um Poder Judiciário fragilizado e controlado? A dois núcleos sociais: aos delinquentes e àqueles que, sob a veste de "operadores do direito", fraudam o sistema jurídico para obstarem sua eficiência, o quais acabam por ser, também, delinquentes.
A deficiência ética e moral no sistema político brasileiro, pra quem interessar posse, é científica, amiúde e pragmaticamente analisada em minha obra MANIPULAÇÃO DISCURSIVA E CRISE DE ESTADO COMO OBSTÁCULOS À INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, que será lançada em janeiro pela Editora Lumen Juris, cujo objetivo é fornecer aos leitores o conhecimento de todos os mecanismos necessários para compreender as irregularidades de comportamentos políticos como o retratado na matéria jornalística abaixo.
Por ora, fiquemos com a certeza de que precisamos agir intensivamente se quisermos, de verdade, restabelecer a ordem democrática em nosso país e responsabilizar os verdadeiros surrupiadores do nosso suado dinheiro que deveria ser usado unicamente para concretizar o bem-estar social através da institucionalização da dignidade humana.