Nova descoberta genética pode fornecer grande auxílio na luta contra a esquizofrenia
A esquizofrenia é um transtorno mental que afeta cerca de 25 milhões de pessoas no
mundo inteiro. Ela ocorre devido a alterações no funcionamento do cérebro e apresenta
sintomas como delírios, alucinações, alterações no pensamento, perda de vontade e alteração
no afeto. Até hoje não se tem muito bem definido a origem da doença, sendo sua causa
considerada multifatorial.
Dados mais recentes apontavam que a sua origem poderia ter ligação com mutações
genéticas e foi a partir da constante busca por respostas que cientistas da Universidade de
Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT) descobriram uma possível ligação
da doença a um gene específico.
O estudo publicado na revista Nature em janeiro de 2016 mostrou que foram coletados
cerca de 65.000 dados nos últimos cinco anos em 30 países diferentes. A pesquisa foi feita
com base em 29.000 casos de esquizofrenia, 700 cérebros de pacientes que morreram por
causa da doença e outras 36.000 pessoas que não possuíam a doença. A partir de dados
coletados, descobriram uma ligação com o gene C4, localizado no cromossomo 6, gene esse
que produz uma proteína que organismo utiliza para marcar patógenos para serem eliminados.
Além disso, essa proteína sinaliza quais sinapses devem ser removidas através do processo
chamado "poda sináptica", que ocorre na adolescência e é onde o cérebro elimina conexões
em excesso e reforça as vias mais utilizadas.
Em pacientes com a doença, foi detectado uma alteração na sequência de DNA do
gene, que faz com que aumente sua expressão e resulte na eliminação de células que deveriam
continuar em funcionamento, ocasionando perda na massa cinzenta do cérebro. Isso poderia
explicar o motivo de pacientes começarem a apresentar os sintomas durante adolescência e
adultos com esquizofrenia possuírem o córtex cerebral reduzido.
Essa descoberta é extremamente importante, ainda que não indique a cura para a
doença, pode fornecer um caminho para ser seguido no desenvolvimento de tratamentos mais
eficazes, pois se for possível reduzir a poda sináptica durante a adolescência de um paciente, a
gravidade da doença poderia ser reduzida, podendo isso servir até mesmo como forma de
prevenção da doença.
