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Suicídio, um quadro psiquiátrico que tem de ser tratado adequadamente

  • 24/09/14
  • 16:00
  • Atualizado há 499 semanas

Segundo a Sociedade Brasileira de psiquiatria, 100% dos indivíduos que apresentam comportamentos suicidas apresentam algum tipo de transtorno psiquiátrico, seja ele diagnosticado ou não.

Dentre os principais transtornos psiquiátricos estão: Transtorno afetivo bipolar, depressão maior, alcoolismo, esquizofrenia e o que chamamos de transtornos de personalidade, principalmente os transtornos de personalidade borderline. Temos que observar que os comportamentos suicidas estão diretamente relacionados com a gravidade dos transtornos, isto é, nem todos portadores de transtornos depressivos, alcoólatras ou transtorno bipolar necessariamente vão apresentar comportamentos suicidas, mas requerem cuidados e atenção.

No Brasil o maior índice está na faixa etária entre 15 a 30 anos e paradoxalmente, apesar de que, as tentativas suicidas serem em maior número em mulheres, são os homens que tem maiores índices de mortalidade.

É importante sinalizarmos que pessoas que apresentam laços sociais coesos diminuem muito o risco suicida. Entendemos como laços sociais os laços familiares (casamento, filhos), laços de trabalho, laços esportivos, laços políticos e religiosos.

Uma observação importante foi que na Europa em épocas de guerra diminuíam muito o índice de suicídio e no período pós-guerra aumentavam esses índices. Acredita-se que isso se devia ao fato de que durante a guerra, havia a luta pela sobrevivência, com uma maior valorização da vida e uma maior coesão entre os povos de uma mesma nacionalidade; uma união contra o agressor. No período pós-guerra, com as sucessivas crises econômicas, há uma maior disputa por espaços, um aumento da exigência e concorrência entre os indivíduos principalmente em seus trabalhos.

Esse fator é importante ressaltar, pois vemos nos dias de hoje um mundo em crise, extremamente acelerado, competitivo com enfraquecimento de laços sociais, com limitadas perspectivas de futuro, o que promove sentimentos de desamparo, desesperança, instabilidade emocional e consequentemente leva a fragilidade na construção da personalidade do jovem como um adulto autônomo e independente e no adulto predomina a desesperança e o desamparo.

Enfatizamos que os quadros psiquiátricos que assinalamos acima como a depressão, os transtornos bipolares, alcoolismo, têm que ser tratados adequadamente e o mais rápido possível.

Ao contrário do que o senso comum preconiza, falar sobre suicídio com esses pacientes não irá estimular a cometê-lo, pois a idéia de morte já está em sua mente e devemos saber lidar com o preconceito e o tabu que rondam o tema "suicídio¨. O medo, a insegurança e a raiva, são sentimentos que afloram nas pessoas mais próximas e também nos profissionais de saúde mas são sentimentos ligados a sensação de impotência e que não devem impedir a abordagem rápida e intensa desses que sofrem com as idéias de morte.

É importante uma abordagem sem julgamento ou sentimentos de raiva e impotência, com uma equipe multiprofissional composta por médicos, psicólogos, assistentes sociais, com a participação da família e de pessoas próximas.

* Por Guilherme Buchianeri, psicoterapeuta e psiquiatra, doutor em Psicologia e especialista em Psicoterapia Psicanalítica

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