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Transformação no Cenário Musical

André Nicolau

  • 15/03/21
  • 13:00
  • Atualizado há 158 semanas

Conhecidas no passado muitas vezes por sua falta de gestão profissional, as escolas de música passam por uma grande transformação.

O mundo todo muda, estamos até cansados de ouvir essa frase, mas, não seria diferente neste ramo de atividades.

Foi-se o tempo dos atrasos, das salas de aula bagunçadas e dos professores desleixados? Em partes, sim!

Em meio a pandemia que compartilhamos desde 2020 vimos muitas escolas de música fechando suas portas. Muitos são os fatores, mas a falta de previsibilidade de receita, uma vez que muitos negócios desse tipo atuam recebendo pagamentos mensais, foi o tiro fatal.

Justo dizer que muitas escolas já se encontravam alinhadas com as demandas atuais, oferecendo cursos com benefícios que extrapolam o encontro entre professor e aluno. Afinal, intermediários precisam ter seus benefícios percebidos, ou então estão fadados ao fracasso.

Um Legado Perigoso

Uma escola de música é um ambiente preenchido por pessoas com veia artística. E sim, muitos dos artistas, principalmente no passado, são conhecidos por seus estilos de vida excêntricos.

Achamos graça e alguns podem até considerar descoladas atitudes como beber muito, chegar atrasado ou até arremessar um uma cadeira pela sacada de um hotel, como fez o vocalista do Guns n' Roses durante uma turnê que passou pelo Brasil em 1992.

Mas a verdade é que esse histórico indisciplinado de muitos artistas consagrados deixou uma herança maléfica para as novas gerações.

Artistas Por Dentro de Todos os Processos

Com o declínio de grandes gravadoras e a descentralização do poder de grupos restritos, a cena independente foi tomando forma, assim, dia a dia, bandas e artistas solo de todo o globo foram tendo adicionadas uma grande gama de atividades de gestão às suas rotinas criativas.

Foi no meio desse processo de transformação que vimos emergir um cenário com um sem número de profissionais capazes de compor, gravar, tomar conta da agenda de shows, serem seus próprios representantes comercias além de muitas outras atividades que requerem disciplina e foco.

Uma Nova Maneira de Trabalho

Menos diletantes e mais diligentes, essa é o perfil de grande parte dos artistas atuais que equilibram suas agendas com uma grande quantidade de compromissos profissionais, como dar aulas e fazer shows, por exemplo.

Engana-se quem acha que essa divisão de atividades é algo novo. Narra o pensador econômico do século XIX, John Stuart Mill, em sua autobiografia, que para poder prosseguir em suas atividades criativas como a escrita, era necessário um trabalho de segunda a sexta. O que os ingleses chamam de real job, é até hoje uma fonte de recursos muitas vezes necessária e bem-vinda.

O Novo Cenário

Fato é que, dadas as mudanças citadas, ao entrar em uma escola de música será mais provável o aluno encontrar uma cultura de pessoas que zelam pelo comprometimento do que o contrário.

Pontualidade, cordialidade e organização são atributos obrigatórios para a vida das escolas de música e que são na verdade características benéficas tanto para os que servem quanto para os que estão sendo servidos.

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