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Coletivo Professores Estaduais de Assis afirma que escolas não estão preparadas para volta presencial às aulas

Documento foi encaminhado ao AssisCity nesta segunda-feira, 8 de março

Divulgação

  • 08/03/21
  • 11:00
  • Atualizado há 159 semanas

A Redação do AssisCity recebeu do Coletivo Professores Estaduais de Assis uma carta onde o grupo afirma que não há condições para o retorno às aulas presenciais, que o ambiente escolar não é seguro e anuncia greve. Confira o texto na íntegra:

"No dia 05 de fevereiro de 2021, este portal publicou uma carta encaminhada por nosso coletivo em que denunciamos a irresponsabilidade da política de volta às aulas presenciais levada a cabo pelo Governo do estado de São Paulo. Informamos que não estávamos preparados para esse retorno, pois a aglomeração é inevitável, as salas de aula são mal ventiladas, as escolas não contam com funcionários suficientes para fazer a higienização exigida pelos protocolos de segurança. A alta mobilidade dos profissionais da educação entre várias escolas aumenta as chances de contrair o vírus e fazê-lo circular. Com a insistência no retorno presencial não houve testagem de contaminação nem sequer medição da temperatura de professores e alunos ao entrarem na escola, não havia troca constante de máscaras, etc.

Denunciamos, também, que, ciente de que o ambiente escolar não é seguro, o Governo do estado de São Paulo tem exigido que os pais assinem um termo de responsabilidade pelo adoecimento de seus filhos na escola.



Nós, professores, estamos gritando para toda a sociedade que essa é uma política homicida e entramos em greve por meio do nosso sindicato, APEOESP. Uma greve diferente de todas, pois continuamos a cumprir as nossas obrigações no trabalho remoto. Nossa reivindicação é o direito ao isolamento social enquanto não houver vacinas para a imunização da população. Levamos uma luta sem tréguas, indo às escolas esclarecer colegas indecisos, e pressionando o poder público (Ministério Público, prefeituras, vereadores) a tomar atitudes diante da situação grave em que estamos jogados.

À imprensa, a representante da Diretoria de Ensino, Marlene March Dib, negou que tenha desrespeitado o Decreto Municipal que vigorava na semana do planejamento escolar e determinava a suspensão das atividades escolares enquanto o município permanecesse na fase vermelha. Nesse período, como é de conhecimento da comunidade escolar da nossa cidade, os diretores das escolas exigiram o comparecimento presencial dos professores nos estabelecimentos. Tal declaração da dirigente de ensino pode ser encontrada na matéria deste portal. Há também os chamados ao comparecimento dos professores às escolas em época que os decretos municipais impediam, anexados em representações ao Ministério Público feitas pela APEOESP.

Com o início das aulas em si, os professores que aderiram ao movimento grevista passaram a sofrer retaliações por parte de algumas direções de escolas, com descumprimentos claros da legislação que garante o direito de greve aos trabalhadores.

Passado um mês da abertura das escolas, os sistemas de saúde municipais do estado de São Paulo passaram a entrar em colapso, e nos últimos dias temos batido recordes de contaminação e mortes no país. Entre os professores, gestores, funcionários e alunos das escolas públicas de SP, tivemos 1861 contaminados, em 850 escolas, e 28 mortes, segundo levantamento da APEOESP. Na região que cobre a Diretoria de Ensino de Assis, foram confirmadas 18 contaminações em 11 escolas. Não há como sabermos se essas 18 pessoas contaminaram outras tantas no ambiente escolar, visto que os sintomas do coronavírus só se manifestam depois de dias que ele foi contraído, sendo transmitido para outras pessoas.

Por força da situação gravíssima e da nossa atuação em favor da vida, as escolas de Assis foram obrigadas a fechar suas portas ao trabalho presencial mas, em outras regiões, o secretário estadual da educação, Rossieli Saores, insiste em mantê-las abertas na nova fase vermelha, inclusive chamando alunos para merendar nas escolas.

Com os 28 falecidos da comunidade escolar estadual em fevereiro, podemos dizer que o retorno presencial às aulas nos custou uma vida por dia! Pessoas que poderiam estar em boa saúde — ou mesmo ainda vivas—, mas não estão pela irresponsabilidade política do governo Dória, tão genocida quanto a de Bolsonaro.

Nós, professores, chamamos a sociedade a se posicionar, a exigir medidas responsáveis de nosso poder público no combate à pandemia e que toda a população tenha acesso à vacinação."

(Coletivo Professores Estaduais de Assis)

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