Três ou noventa e três?
Palavras para reflexão
"Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça..." IITm.4-7.
Dia desses fui a dois velórios no mesmo dia. Dois opostos. Um, de uma criança de uns três anos, outro de uma vovozinha de uns noventa e três anos. Noventa anos entre uma vida e outra. Ambas chegaram ao combate final juntas. Uma, obteve todas as chances de lutar, de escolher, de errar, de brigar, de perdoar, de amar, de construir. Outra, apenas a oportunidade de conviver e lutar contra a doença avassaladora e fatal.
Havia em ambos um misto de tristeza e alívio. Tristeza, porque perder em qualquer fase é doído. Alívio pelo dever cumprido, alívio pela dor terminada.
Olhava aqueles semblantes tão distintos e ao mesmo tempo tão similares e me questionava: Damos importância ao tempo que vivemos? Sabemos aproveitar a ausência de dores que nos são proporcionadas diariamente, ou lamentamos as dores que nos acometem, esporadicamente as quais transformamos em eternas? Uns tiveram ou têm todo o tempo para construir, para edificar, para amar e não o fazem. Outros não tiveram, não têm e nem terão tempo, mas no pouco tempo que tiveram, registraram com sua forma de viver, mesmo em tão pouco espaço de tempo, o verdadeiro sentido do amor.
Não importa se com três ou noventa e três, o combate de cada um, tem início, meio e fim.