Por Daniel Freitas
Até que João, um rapaz pobre e humilde era de bem com a vida naquela pequena cidade; ele trabalhava em um armazém, emprego que arrumara desde menino. Como bom moço, João pensava em se casar um dia e constituir família e para isto, já tinha até algumas economias guardadas; a pretendente também já estava garantida, era a Margarida, uma morena linda que só ela, com certeza, a mais bonita do lugar.
Mas João tinha um desejo que o perturbava, ele sonhava em se casar com uma loira de olhos verdes e olha que ele gostava da Margarida e a única coisa que pesava contra ela era justamente o fato da coitadinha ser o oposto do que ele imaginava, morena e de olhos escuros.
Um dia João resolveu ir para uma cidade grande pensando poder, talvez encontrar uma loira de olhos verdes. Ele encontrou e foi em um bar onde entrou atraído pela presença de algumas pessoas naquele local e logo ela se aproximou dele.
- Paga uma cerveja bem - pediu a loira chegando bem pertinho do tímido João.
Ele pagou mais que uma, pagou várias, todas, até o dinheiro acabar. E pensou: ¨Mas que loira, que corpo escultural, nem precisava tanto¨. João retornou para casa entusiasmado com a loira, mas preocupado com o tanto de cerveja que ela havia tomado e também com sua voz que não era tão feminina como a da Margarida.
Uns dias depois, escanteando a namorada, João voltou ao mesmo local para ver a loira, mas ela não estava lá. Ele notou, no entanto um movimento muito grande nas proximidades daquele bar, com a presença de várias viaturas da policia. Ele se aproximou e percebeu que no chão havia um corpo estendido e viu sangue em sua roupa. Era ela sim, a loira que havia lhe chamado à atenção.
João então perguntou a um curioso:
- O que houve?
- Não sei, mas houve morte, parece que foi uma guerra entre quadrilhas de traficantes - disse a pessoa.
Porém, a explicação de um policial quase fez o mundo desabar sobre a cabeça do pobre João.
- A única coisa que sabemos meu rapaz é que era um travesti e que tinha os olhos verdes.
Desolado, João voltou rapidinho para sua Margarida, que não era loira e nem tinha os olhos verdes, mas que ele sabia que era mulher. E que mulher.