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Estudante de Paraguaçu desenvolve projeto para diminuir distâncias entre a periferia e a área nobre

Marcineia de Oliveira terá parte da pesquisa publicada em uma revista científica

Redação AssisCity/ Fotos: Divulgação

  • 24/12/17
  • 08:00
  • Atualizado há 330 semanas

A estudante Marcinéia Vaz Moraes de Oliveira se formou recentemente no curso de graduação de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades FACCAT, de Tupã. A paranaense já mora há oito anos em Paraguaçu Paulista e diz que, durante esse tempo, foi percebendo a dinâmica do município, especialmente com os bairros periféricos.

Para o seu Trabalho Final de Graduação (TFG), a graduanda decidiu se debruçar sobre as questões pertinentes ao Conjunto Habitacional, que fica localizado às margens da rodovia e que, segundo ela, tem uma grande segregação espacial em relação aos demais bairros da cidade.

"Esse trabalho é sobre a segregação sócio espacial que os moradores do Conjunto Habitacional Dona Lina Leuzzi têm em relação aos demais bairros de Paraguaçu Paulista. Esse foi o primeiro conjunto habitacional que atravessou a rodovia, mas que na verdade foi construído em uma área destinada à expansão industrial da cidade, tanto que há uma concreteira bem ao lado. Atualmente são cerca de 508 moradias, que abrigam mais de 2 mil pessoas. Porém, esses moradores não possuem o que chamamos de equipamentos de primeira necessidade, como transporte público, creches, escolas, padarias, mercados, bancos, o que os coloca em uma situação real de segregação, já que tudo é muito longe", afirma.

Segundo Marcinéia, durante as pesquisas realizadas para o trabalho final, ela pôde perceber o quanto a segregação prejudica a vida destes moradores.

"O que pude observar é que a segregação atrapalha toda a rotina destes moradores, inclusive no trabalho e na educação. A prefeitura manda um ônibus para que as crianças possam ir até a creche, mas ouvi relatos de mães cujos filhos perderam a vaga por conta da distância. Algumas delas tiveram que inclusive largar o emprego para que pudessem ficar com os filhos. Por se tratar de um bairro com menor poder aquisitivo, onde as pessoas muitas vezes não possuem carros ou meios de transporte mais rápidos, elas precisam ir de bicicleta até o trabalho e isso também acarreta em maiores números de desemprego. Outra situação é que, por não haver mercado ou padaria nas proximidades, os próprios moradores acabam transformando o espaço das suas casas nesse tipo de comércio, às vezes abrindo um espacinho da sala para poder vender um pão, por exemplo. Além dos imóveis já serem bem pequenos, o preço também é mais alto, o que prejudica os moradores que já não possuem uma renda alta para se manterem", salienta.

Após a análise do Plano Diretor do município de 1998 e de outras muitas pesquisas, Marcinéia propôs um projeto urbanístico para a região do Conjunto Habitacional, além de um projeto arquitetônico de uma creche no bairro.

"O que a pesquisa busca defender é a necessidade de mudanças no planejamento da cidade e a expansão do município para aquela área. Afinal, o bairro já existe e não há mais como reverter essa situação, mas seria muito importante que o restante da cidade abraçasse essa região e ela fosse incorporada, ao invés de permanecer tão segregada. A proposta inclui lotes de tamanhos variados, para que pessoas com diferentes rendas possam construir no local, e que essa ocupação desse espaço pudesse tornar a periferia um novo centro da cidade. A questão dos lotes é importante porque, durante as pesquisas, observei que os terrenos nos bairros mais nobres possuem uma média de 30 metros de frente, enquanto os da periferia variam entre 8 a 10 metros. É uma diferença considerável, mas que se houverem opções variadas poderá englobar diferentes tipos de pessoas e comércios", explica.

Marcinéia também apresentou seu trabalho no Encontro Internacional de Cidades na Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, onde percebeu que o problema da segregação não é exclusivo de Paraguaçu Paulista.

"Eu fui apresentar o trabalho sem fazer ideia de como seriam as temáticas e as abordagens dos demais. Éramos mais de 20 alunos e só tinha um estudante que era do Estado de São Paulo, sendo que os outros eram relacionados a cidades de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O que me chamou a atenção foi ver o trabalho de uma aluna de Lajeado e que, a maneira como ela desenvolveu a pesquisa e também o entendimento dela sobre a cidade e as conclusões eram muito parecidas com a minha forma de ver a situação de Paraguaçu Paulista, o que mostra que diferentes cidades muitas vezes têm a mesma dinâmica e soluções próximas umas das outras", conclui.

Após a apresentação do TFG, Marcinéia conclui o curso de graduação com a nota 10. Agora o trabalho da pesquisadora será publicado em breve na revista científica Pixo, da Universidade Federal de Pelotas, além dela pretender dar seguimento ao seu projeto e à sua pesquisa também no mestrado.

Marcinéia Vaz Leandro Oliveira Moraes

Marcinéia na Universidade Federal de Pelotas

Marcinéia com a banca avaliadora do Trabalho Final de Graduação

Parte do projeto arquitetônico de uma creche no Conjunto Habitacional

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