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A Matheus Marioto

"Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada." - Fernando Pessoa

Kallil Dib

  • 12/08/14
  • 09:00
  • Atualizado há 506 semanas

Algumas vezes eu o via nos corredores da Escola Estadual Lourdes Pereira, onde cursamos o ensino médio. Não me lembro ao certo se trocamos alguma ou algumas palavras. Talvez, no máximo, um bom dia, ou um simples aperto de mão. Bom, eu não o conhecia tanto assim.

Mas, a notícia de seu desaparecimento, e, como consequência, de sua partida, me arrepiou de emoção, e um sentimento incompreensível me tomou conta, tanto quando vemos nossos sonhos se perderem e irem embora com o vento. E tenho certeza de que não só a mim, mas também deixou comovida muita gente que talvez nunca tenha o visto.

Matheus, 23 anos, a minha mesma idade e, também igual a mim, muitas conquistas, muita batalha enfrentada e um caminho delas a ser percorrido. Matheus, eu não o conhecia para chamarmos um ao outro de amigo, mas lembro bem de suas amizades e o tanto que colegas de classe elogiavam sua incomparável inteligência; e quanta inteligência eu sei que te aflorava.

E então, um jovem garoto foi até um país mero desconhecido para fazer sorrir e encher de orgulho sua família que ficou por aqui. Era comum a distância separar momentos de angústia e felicidade, mas, sempre que podia, e era quase sempre mesmo, conversava com alegria e saudade com seus parentes longínquos, distantes apenas na presença física (coração de quem ama, jamais se afasta do outro amor).

Não costumo tentar entender as linhas escritas por Deus, alias, quem sou eu para decifra-las. Costumo dizer que Deus escreve certo por linhas certas, e torto é aquele que não sabe interpretá-las. Então, dessa vez, Matheus me contrariou, e me deixou torto, sem entender o porque tão cedo se foi.

Pode ser que lá no céu esteja precisando do melhor cientista da computação que se tem notícias, assunto que Matheus seria mestre daqui a pouco tempo. Agora, ele superou mais uma barreira, e se tornou mestre em outro estágio.

Eu também não sou bom, e acredito que ninguém seja, em arrumar desculpas ou tentar entender a dor da partida. Não sei o que dizer quando alguém segura nas mãos de Deus e viaja para outro mundo. Consolar? Sou péssimo! Consigo no máximo afagar lágrimas incontáveis que insistem em encontrar o chão...

Não terei a oportunidade de encontrar seus familiares e amigos próximos, para dizer o que com certeza eu diria: "Ele está bem, e foi alegrar a vida dos anjos; foi surpreender outro mundo.". Mas, um dia direi a ele pessoalmente, ou "almamente": "Prazer imenso em te conhecer, ouvi falar muito, mas muito mesmo, bem de você".

Por enquanto, Matheus, o que me resta, e apenas isso, é te incluir em minhas diárias orações e te dizer, como se eu te conhecesse há muito tempo: "Descanse em paz, meu amigo!"

Kallil Dib

www.kallil.com

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