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A Biotecnologia na superação da performance humana

  • 18/08/14
  • 09:00
  • Atualizado há 505 semanas

O desejo de ser melhor, aspiração por algo que nós ainda não conseguimos ou temos, é algo intrínseco do ser humano. Associado a isso está o desejo de ser capaz de exceder limites e se provar superior naquilo que fazemos e damos importância. Exemplos claros desse tipo de comportamento podem ser percebidos nas várias competições que existem (e foram criadas) para eleger o melhor num determinado quesito. Tal fato levanta uma série de questões sobre os meios que podem ser usados para alcançar essa superioridade, as quais se tornaram mais relevantes conforme o avanço da biotecnologia.

Descobertas nessa área da ciência levaram a mudanças nos âmbitos cirúrgico, genético e farmacológico relacionados a diversas atividades humanas. Alguns exemplos são o uso de esteroides para melhorar a performance de atletas e anfetaminas para um melhor raciocínio e concentração. Outros apresentam seus efeitos a longo prazo, como modificações genéticas nos músculos.

Essas tecnologias são criadas visando melhorar nossas condições físicas para tratar doenças e aliviar sintomas de alguns tipos de disfunção mais do que buscar exceder os limites humanos em algum tipo de atividade. Ainda assim, o alcance dos poderes de muitas drogas pode fazê-las favoráveis a uma finalidade diferente da sua original. A Ritalina, tipo de anfetamina usada para crianças com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, é amplamente utilizada por estudantes para melhorar a concentração durante as provas.

No caso dos atletas, o uso de substâncias ilegais em competições (doping), como a eritropoietina, é recorrente. A injeção de tal hormônio aumenta a capacidade de transporte de oxigênio pelas hemácias e pode acarretar em um melhor desempenho em várias atividades. Já os esteroides anabolizantes, hormônios naturais ou sintéticos, ocasionam o aumento da massa muscular. Futuramente, a inserção de genes que estimulem o melhoramento dos músculos poderá torna-los mais fortes, rápidos e menos propensos a lesões.

O gene para a proteína IGF-1, tanto de animais como de humanos, foi clonado e sequenciado para ser estudado em pesquisas biotecnológicas. Vetores de expressão do gene foram desenvolvidos para regular a produção de proteínas IGF-1, sendo possível determinar os efeitos do aumento da produção de tal proteína no tamanho e força dos músculos.Em experimentos recentes, o gene IGF-1 foi injetado nas patas traseiras de um camundongo, onde a produção em maior quantidade da proteína ocasionou um aumento de cerca de quinze por cento na sua massa e força muscular ao atingir a fase adulta. Essa melhoria ainda pode ser observada durante o animal adulto e seu envelhecimento.

Outra possibilidade está na capacidade de criar animais transgênicos, nos quais um gene externo pode ser inserido no estágio embrionário de desenvolvimento e ser expresso durante toda a vida do organismo. Nesse caso, o gene introduzido (mIGF-1) se torna integrado ao DNA cromossomal do camundongo. O animal transgênico produz quantidade significativa de mIGF-1, além da sua produção original da proteína, refletindo no aumento de sua musculatura esquelética comparada a animais não transgênicos.

Conhecendo esse novo horizonte, é certo usar a biotecnologia para melhorar a performance humana¿ O uso de substâncias tais como esteroides não é permitido para os atletas, sendo o merecimento de suas conquistas devido ao seu treinamento e dieta efetuados no dia a dia.O uso de equipamentos mais sofisticados e eficientes reduz, assim como algumas substâncias, a necessidade de um esforço tão extensivo para conseguir um mesmo resultado obtido sem o uso de tais tecnologias, contudo, os esteroides não são tolerados ou vistos da mesma maneira que as novas ferramentas que surgem com o passar do tempo. Partindo-se disso, como seriam vistas as modificações genéticas¿ No dia a dia, tais avanços na biotecnologia poderiam garantir uma melhor qualidade de vida ao longo do envelhecimento, por exemplo, garantindo uma musculatura mais resistente e prolongando o período das pessoas em atividade. Mas isso certamente viria acompanhado de uma serie de mudanças nos fatores sociais e econômicos existentes atualmente.

As possibilidades disponíveis com a biotecnologia são vastas e existem ainda mais campos para se explorar. Seriam essas novas tecnologias um remédio para aqueles que apresentam algum tipo de deficiência e seu uso se restringiria a essas pessoas, não podendo ser utilizadas além da terapia para aperfeiçoar aperformance dos seres humanos¿ Apesar de essa abordagem ainda parecer, em certos pontos, especulativa, discutir os limites dessas novas possibilidades é algo para já se pensar.

Por Luiza Varela

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