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Empreender em tempos de crise

  • 20/07/15
  • 15:00
  • Atualizado há 457 semanas

O cenário econômico brasileiro atual é desanimador. Há uma deterioração generalizada dos indicadores e a perspectiva para o futuro próximo é sombria.

No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) ficou 0,2% menor na comparação com o mesmo período do ano passado. O desemprego em maio registrou o quinto aumento seguido, subindo para 6,7% (estava em 6,4% em abril e em 4,9% em maio de 2014). A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) cresceu 0,82% em junho, alta de 6,42% no ano e 9,15% em 12 meses. Em maio, segundo o IBGE, a renda real (já descontada a inflação) dos trabalhadores recuou 1,8% sobre abril e 5,8% no confronto com maio de 2014.

Há mais gente sem emprego e os preços não param de subir corroendo o poder de compra. Com menos para gastar - ou medo de gastar porque o que vem pela frente é incerto - o consumidor se retrai; toda a cadeia é afetada, pois comércio, serviços e indústria perdem faturamento. Recessão instalada e o Brasil em estado crítico.

Isso é resultado do modelo econômico adotado pelo governo que se esgotou e agora o obriga a aplicar medidas restritivas para tentar reorganizar a casa. Uma delas é a elevação dos juros para conter o consumo e a inflação. Porém, dificulta o crédito, inibe investimentos e elimina postos de trabalho.

Nesse momento, muitos que não conseguem se recolocar optam por abrir um negócio. É o empreendedorismo por necessidade, que nasce sem planejamento e como última saída de ganha pão.

Mas abrir um negócio por necessidade não significa fracasso, mesmo em tempos turbulentos. Os maus momentos também servem para se descobrir novas possibilidades. A empresa que tiver um diferencial será mais competitiva. Só preço é pouco. Oferecer algo que falta na concorrência, ter qualidade, atendimento e pós-venda impecáveis são aspectos fundamentais. Além disso, é preciso saber diminuir custos, ser mais eficiente e inovar.

Os pequenos negócios são 99% das empresas do Brasil e respondem por 27% do PIB e 52% dos empregos formais. A retomada do crescimento passa pelo fortalecimento deles. Infelizmente, em vez de avanços, teremos um ano perdido. Mas, após tantas crises, o brasileiro desenvolveu um grau de resiliência capaz de superar mais esta má fase.

Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP

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