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Erros estratégicos que uma usina deve evitar

  • 19/08/15
  • 17:00
  • Atualizado há 453 semanas

Assistimos hoje o prolongamento de uma crise setorial que chama a atenção pela sua longevidade. Como há anos venho repetindo neste editorial e não pretendo hoje me aprofundar, o governo vem desde 2010 praticando uma macabra e infernal política destrutiva, que vem interferindo e frustrando todo e qualquer plano de administração, seja ele nas fazendas ou nas usinas, tudo isso agravado por problemas climáticos e regulatórios sem precedentes em nossa história. Tudo somado, nos vemos num cenário de tempestade perfeita se abatendo em nosso valente barquinho que teima em resistir.

Mas agora é preciso analisar mais atentamente as políticas e ações dos grupos industriais em relação aos seus fornecedores e como elas poderiam ser dinamizadas para que possamos enfrentar tamanho problema.

É fato que a tecnologia no campo não avançou como em outras áreas, pois ainda plantamos variedades antigas e a mecanização por enquanto só nos tem trazido custos ao invés de lucros, mas não podemos exigir do agricultor a tarefa bilionária de pesquisar novos cultivares e novos equipamentos. Essa empreita é historicamente atribuída a governos e/ou grandes conglomerados empresariais com capital adequado.

Por seu lado, as indústrias têm praticado políticas distintas em direção aos seus parceiros. Entre grupos financeiramente sólidos e que têm apresentado algum lucro nestas safras sofridas, alguns mostram uma estratégia realista e de longo prazo, mas outros demonstram visão imediatista e míope.

Existem os grupos que compreendem que pela sua própria natureza terão que existir por longo tempo e enxergam e compreendem que seus fornecedores atravessam um momento pior que o da indústria. Enxergam também que para o seu próprio interesse terão que, nesse momento dramático, ajudar a preservar de alguma maneira as atividades canavieiras, mesmo que isso impacte seu balanço no presente momento. Estes pagam Consecana mais um "plus" e/ou praticam algum tipo de ajuda ao plantio ou subsídio ao CTT.

Existem, por outro lado, grupos que estão preocupados em entregar a seus acionistas lucros e dividendos a qualquer custo, e possuem executivos profissionais que ganham bônus por resultado, ignorando o inevitável impacto logo mais à frente. Estes se mostram renitentes em estender a mão a seus parceiros e enxergam isso somente como mais um aumento de custos. Está formado o cenário para uma desagregação, já visível em algumas regiões, de plantadores de cana que, desamparados por suas usinas e pressionados pela sua própria sobrevivência, mudam para outras culturas que hoje se apresentam mais rentáveis.

A pergunta é: será que os que diversificarem voltarão ao setor no futuro?

Sylvio Ribeiro do Valle, presidente da Assocana

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